A Turquia é o país com mais jornalistas presos no mundo. Cerca de 100 repórteres são mantidos em cárcere por exercer a profissão em Istambul, ultrapassando a China e o Irã. O país tem um histórico de ataques à liberdade de expressão. Entre 2009 e 2010, 180 jornalistas deram entrada em prisões, desse total, 22 eram mulheres. Ativistas turcos alertam sobre a existência de 27 artigos que permitem a detenção de repórteres.
O jornalista e especialista do Instituto Millenium, Sandro Vaia, explica que a solução do problema passa pela revisão das leis turcas. “A legislação antiterrorista turca acaba incriminando o direito de opinião. As opiniões são criminalizadas em função de uma legislação de exceção. Por isso, há 100 jornalistas presos e 87 prestes a serem julgados.”
Vaia também chamou atenção para as motivações políticas que estão por trás das prisões. “Tem a questão da guerra da Turquia com os curdos. Vários dos jornalistas presos são curdos.”
Desde 6 de junho, um grupo de manifestantes apoiado pela Plataforma pela Liberdade dos Jornalistas ocupa a entrada do Palácio de Justiça de Çaglayan. Para o jornalista, as manifestações precisam ultrapassar as fronteiras turcas. “Deveria haver uma reação das organizações mundiais para evitar que o governo turco, que, afinal, é um governo democrático, acabe criminalizando o direito de opinião.”
Apesar das evidências, autoridades do alto escalão turco negam a prisão dos jornalistas. O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, chegou a chamar o escritor Paul Auster de ignorante, depois que o autor de “A Trilogia de Nova York” se recusou a visitar à Turquia em protesto a situação do país.
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