Em 2014, os eleitores voltam às urnas para eleger o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais ou distritais. Até outubro — quando ocorrem o primeiro e o segundo turnos das eleições — os problemas do país entram em pauta, como costuma acontecer em período eleitoral, e os brasileiros têm a chance de participar de um amplo debate nacional sobre as mudanças que o Brasil precisa para continuar a crescer.
Dando continuidade ao trabalho de apresentar alternativas para problemas-chave do país e de fomentar o debate com as diversas vozes da opinião pública, o Instituto Millenium entrou em contato com alguns de seus especialistas e colaboradores e solicitou a eles que respondessem a seguinte pergunta: Que assunto deve virar tema central de debate nas próximas eleições e por quê? Leia as respostas e aproveite para dar sua opinião.
Rubens Barbosa
A volta do crescimento econômico deveria ser o tema central de debate nas próximas eleições. A discussão sobre essa questão inclui assuntos de interesse dos trabalhadores, do setor empresarial e da sociedade em geral: recuperação dos altos níveis de emprego, competitividade, redução do custo Brasil (alta carga tributária, altas taxas de juro, infraestrutura deficiente, câmbio apreciado e ineficiência burocrática). O fim do isolamento externo do Brasil e uma nova estratégia de negociação comercial completam o quadro de temas centrais voltados para o crescimento.
João Batista Araujo e Oliveira
O tema central deveria ser o futuro do Brasil: que sociedade queremos construir? Nos últimos anos, o país passou por diversas mudanças e traumas: a industrialização, a urbanização, o regime militar, a hiperinflação, a constituição-cidadã, os desastrosos planos econômicos, o controle da inflação, o coronelismo de estado. Perdemos todas as oportunidades de ingressar no século XXI. As reações aos recentes movimentos de rua mostram que apesar da descrença nas instituições, o país não está pronto para mudar – as elites continuam insensíveis e o povo tem pouco fôlego e capacidade de organização.
Raul Velloso
O tema deve ser o fracasso do modelo de crescimento pró-consumo (desde 2003): a taxa de crescimento PIB cresceu um pouco mais, mas depois caiu, puxada pela indústria. Por trás da perda de competitividade da indústria estão fatores externos, que o governo costuma acentuar, mas a perda resulta principalmente da operação do próprio modelo escolhido pelo governo. Essa é a contradição básica da ação governamental. Ele quer alcançar um certo resultado, mas, ao atuar de um determinado jeito, produz o oposto. E aí tenta corrigir as coisas por remendos, que podem até produzir algum efeito no curto prazo, mas logo começam a acumular distorções e novos problemas. Qual é a receita para sair do impasse?
Fernando Dolabela
O empreendedorismo é tema central em qualquer país que deseja combater a miséria e promover a justiça social porque é fonte de geração de riquezas. É a única forma de se fazer a transição do assistencialismo para a sustentabilidade. Estamos andando muito lentamente tanto no que diz respeito ao estímulo à criação de empresas de alta tecnologia, quanto ao empreendedorismo na Base da Pirâmide. As políticas públicas existentes são superficiais e paliativas. Empresas florescem quando o ambiente é adequado. Este é o papel do governo: criar com urgência condições adequadas, alterando o que for necessário no que se refere à legislação tributária e trabalhista, oferta de crédito, educação empreendedora. E, principalmente, sair do cenário empreendedor, deixando-o livre para a sociedade civil. Há que se mudar a cultura sinalizando-se positivamente para o empreendedorismo.
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