– A baixa qualidade do ensino e uma jornada escolar insuficiente fazem com que a educação, um dos motores do aumento da produtividade, não tenha, no Brasil, o mesmo impacto na economia alcançado em países onde os alunos ficam mais tempo na escola e têm melhor desempenho e um ensino médio mais voltado para o mercado de trabalho, como China e Coreia do Sul. A conclusão é do diretor do FGV Social, Marcelo Neri:
— Até os anos 1980, os brasileiros tinham, em média, três anos de estudo, e isso não avançava. Mas, quando a educação avançou, a partir dos anos 1990, isso não se traduziu em ganho de produtividade, que é o que dá sustentabilidade ao crescimento do PIB.
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Segundo levantamento do economista, no período pós-Constituição (1990 a 2010), ainda que pesem os efeitos de crises econômicas ocorridas nesse intervalo, enquanto a escolaridade aumentou 68,2% no Brasil, de 4,69 anos de estudo para 7,89, a produtividade de cada trabalhador, por ano, subiu apenas 30%, de US$ 13.243 para US$ 17.168. Já na China, a escolaridade aumentou 31,6% e a produtividade, 495% no mesmo período. A Coreia, que nos anos 1960 era mais pobre que o Brasil, hoje tem produtividade três vezes maior que a nossa.
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— Mesmo levando em conta as políticas industriais adotadas por esses países, é dar educação de qualidade para todos que faz diferença. A Coreia e a China, tanto no sentido da jornada escolar quanto na preparação dos estudantes para os exames e para o mercado de trabalho, vão muito melhor. Nós caímos na armadilha da renda média. Eles fizeram essa conexão (entre estudo e produtividade) e saíram da condição de países pobres para a de desenvolvidos — diz Neri.
Fonte: “O Globo”