Três fintechs brasileiras estão entre as cem mais inovadoras do mundo, segundo o relatório Fintech 100, da KPMG com a H2 Ventures. Duas são bastante conhecidas no Brasil: Nubank e Guiabolso. Mas quem é a Geru?
Geru se apresenta como a primeira plataforma brasileira de empréstimos totalmente online. O pedido é feito pela internet e analisado por algoritmos. “A ideia sempre foi ser uma plataforma de empréstimo digital para aproximar o tomador do crédito que ele precisa, com a taxa mais barata possível e na maior velocidade que conseguir, da forma mais desburocratizada”, diz o economista Sandro Reiss, 43, fundador da empresa. Desde o início da operação, em 2015, foram mais de R$ 600 milhões emprestados.
A ideia para o negócio surgiu em 2010, quando Reiss deparou com as plataformas digitais de empréstimo pessoal que pipocavam nos Estados Unidos e na Inglaterra. “Se esses negócios eram bem-sucedidos em mercados onde o spread bancário é baixo, o potencial em uma economia como a brasileira seria enorme”, diz. O spread no Brasil — a diferença entre o custo de captação dos bancos e o custo do empréstimo ao tomador final — é o mais alto do mundo, conforme estudo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
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A constatação do potencial do negócio foi instantânea, mas Reiss levou três anos acompanhando o desenvolvimento do setor no exterior — e tomando coragem. Em 2013, fundou a Geru. Os empréstimos começaram, efetivamente, dois anos depois.
A alma da Geru é o modelo automatizado, com algoritmos para análise de risco de crédito. Por meio do app ou pelo site, o cliente preenche um pequeno cadastro, pede o empréstimo (de R$ 2 mil a R$ 50 mil) e escolhe o prazo de pagamento (de 12 a 36 meses).
O sistema cruza uma infinidade de informações: renda, histórico comportamental (como pagamentos anteriores) e risco de inadimplência em diversas fontes (a exemplo de consultorias de crédito, como Serasa Experian e SPC Brasil), construindo um banco de dados personalizado do cliente. O processo inteiro leva menos de três minutos.
“O cliente recebe a resposta na hora. Se for possível atendê-lo, o dinheiro estará na conta em 24 horas. Em caso negativo, ou recusamos o empréstimo ou o sistema oferece contrapropostas: um empréstimo menor, uma taxa de juros um pouco mais alta”, diz. As taxas cobradas pela Geru partem de 2% ao mês. Como base de comparação, a taxa média do mercado para empréstimos para pessoas físicas era de 6,85% ao mês em novembro de 2018, de acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Para oferecer taxas abaixo da média do mercado e evitar a inadimplência, é preciso trabalhar com critérios rigorosos de aprovação. “Nove em cada dez pedidos são recusados”, diz Reiss. Enquanto os bancos trabalham com poucas faixas de risco e muitas vezes padronizam preços de produtos, a Geru aposta em análises de crédito personalizadas — há 35 faixas de preço.
“A fintech reinventa a experiência do cliente e repensa o modelo de avaliação de riscos com dados alternativos”, diz Oliver Cunningham, sócio da KPMG. Atualmente, o valor médio de empréstimo da Geru é de R$ 11,5 mil, com pagamento em dois anos. Tipicamente, os clientes são pequenos empresários que buscam capital de giro ou dinheiro para maquinário, além de profissionais liberais que tomam empréstimos para consolidação de dívidas ou para investir no próprio negócio.
Em 2019, serão feitos investimentos para refinar a identificação do risco real de cada cliente e otimizar a personalização da análise de crédito. “Cada pessoa tem uma realidade peculiar de renda, de histórico de pagamento, de emprego. Quanto mais detalhada a análise, maior a chance de o cliente ter o empréstimo aprovado”, diz Reiss.
Fonte: “Revista PEGN”