A França não está preparada no momento para ratificar o acordo comercial anunciado na sexta-feira (28) entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, após 20 anos de negociações, afirmou nesta terça-feira (2) a porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye.
“Vamos observar com atenção e, com base nestes detalhes, vamos decidir”, declarou em uma entrevista ao canal de notícias BFM.
Como fez durante as negociações do acordo comercial entre UE e Canadá, a França solicitará “garantias” aos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), completou a porta-voz, segundo a agência France Presse.
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“Não posso dizer que hoje vamos ratificar o Mercosul (…). A França, no momento, não está pronta para ratificar”, disse Ndiaye.
O acordo anunciado na sexta-feira por UE e Mercosul é o maior já assinado pelo bloco europeu.
A França é um dos países mais reticentes ao acordo, porque teme os efeitos para seu influente setor agrícola, que poderia ser afetado pela grande entrada de produtos sul-americanos no mercado.
Os fazendeiros franceses, muito dependentes dos subsídios europeus e organizados em propriedades familiares que geram uma renda pequena (10 mil a 12 mil euros de média em 2018, segundo a Federação Nacional de Carne Bovina), afirmam que não conseguirão competir com o que chamam de “fábricas de carne” sul-americanas.
Eles ressaltam as diferenças nas práticas dos dois continentes, que não favorecem os europeus: enquanto na UE as normas ambientais são cada vez mais rígidas, na América do Sul são utilizados antibióticos, hormônios do crescimento e soja geneticamente modificada.
França irá cobrar ‘compromissos’ sobre desmatamento
Por sua vez, o ministro francês do Meio Ambiente, François de Rugy, afirmou nesta terça-feira (2) que o tratado “só será ratificado se o Brasil respeitar os seus compromissos”, especialmente em relação à luta contra o desmatamento da Amazônia, segundo a RFI.
+ Acordo Mercosul-UE terá proteção a produtos
“A nova Comissão Europeia e sobretudo o Parlamento Europeu irão analisar minuciosamente esse acordo antes de ratificá-lo”, afirmou François de Rugy em entrevista. “É preciso lembrar a todos os países, entre eles o Brasil, de suas obrigações. Quando assinamos o Acordo de Paris colocamos em prática uma política que permite atingir objetivos de redução de emissão de gases de efeito estufa e de proteção da Floresta Amazônica”.
Fonte: “G1”