Muitos dos caminhos que a historiografia luso-brasileira só passaria a trilhar a partir do final do século XX estão em “Burocracia e sociedade no Brasil colonial” (Cia. das Letras, 2011). Quando o estudo da justiça ainda não entrara na moda, Schwartz mostrou que “a organização judicial se tornara o plano estrutural do Império”, propiciando que a Coroa estendesse seu braço comprido sobre as conquistas ultramarinas e se valesse, para tal, da magistratura régia, que estava no ápice da estrutura administrativa da colônia.
Schwartz evitou a abordagem mais institucional sobre o Tribunal da Relação da Bahia, seu objeto primordial de estudo, instalado em Salvador em 1609, e centrou a análise no processo que levou ao surgimento de elites peculiares, tecidas do casamento entre riqueza e poder, controle econômico e burocrático, mapeando a eclosão de tensões, alianças, recuos e perplexidades. O resultado é um panorama único da formação e das práticas das classes dominantes no Brasil colonial.
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