Comecemos por uma recapitulação factual básica (há tanto barulho em torno do assunto que, por vezes, retomar o óbvio se faz necessário). A imprensa brasileira anda obcecada com o teor de uma conversa privada, que ocorreu em Brasília há mais de mês. Em 26 de abril, no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com o ministro do Supremo Gilmar Mendes. A notícia desse encontro, porém, só circulou agora, no fim de semana, numa reportagem de Otavio Cabral e Rodrigo Rangel na revista “Veja”. Desde então o tema não sai do noticiário – e a tensão cresce.
Mendes afirma que Lula o teria pressionado pelo adiamento do julgamento do mensalão no STF. De seu lado, o ex-presidente da República apenas soltou uma nota pública na qual ele se declara “indignado” com o relato de Mendes, que ele, Lula, qualifica de “inverídico”. Quanto a Jobim, primeiro deu a entender que não foi bem isso, depois tentou o “deixa disso” e finalmente se refugiou no protocolar “nada a declarar”.
Óbvio: os jornalistas têm razões para estarem obcecados pela reunião. Em primeiro lugar, porque ela pode ter encerrado uma insinuação que seja, mas uma insinuação indevida, de um ex-presidente da República para constranger um magistrado da Corte Suprema, o que, se confirmado, seria um escândalo. Em segundo lugar, porque um dos dois está torcendo a verdade e, se esse alguém for Gilmar Mendes, o escândalo talvez seja pior. O ministro do Supremo seria o vetor de uma acusação falsa contra um ex-presidente da República, o que tornaria moralmente insustentável a sua permanência no tribunal e comprometeria a confiabilidade de decisões anteriores do STF.
Não por acaso, além dos repórteres, dos deputados, dos senadores, dos ministros e dos cidadãos, a própria presidente Dilma Rousseff se preocupa, e bastante, conforme este jornal noticiou ontem, com os efeitos retardados da conversa que teve lugar no escritório de Jobim em Brasília, em 26 de abril. Não é para menos: ela precisa desvincular seu governo de toda essa confusão. O quanto antes. O quadro é urgente e dramático.
E até aqui falamos apenas do óbvio, do básico.
Acontece que há outra face desse mesmo problema. Não é bem uma face oculta: ela é ofuscante, tem uma claridade solar. Deveria ser mais óbvia ainda, mas, talvez por ser tão chocante, tão difícil de assimilar, nós olhamos para ela como se fosse transparente, invisível, inexistente. Essa outra face é a face pública que cerca, feito uma moldura entalhada em fatos indisfarçáveis, a conversa misteriosa entre Lula e Gilmar Mendes. O que os dois estão falando em público é muito mais perturbador do que poderiam ter falado ali, a portas fechadas, longe dos holofotes.
Vamos, então, às falas.
O ex-presidente vem repetindo a todas as plateias que o mensalão foi uma grandessíssima “farsa”, articulada num conluio entre setores da imprensa e da oposição, com o objetivo de arrancá-lo do poder, em 2005, por meio de um “golpe” sem armas. Com isso – deveria ser óbvio, mas parece que não é – Lula está acusando reiteradamente o STF de ter dado acolhida formal a um processo fajuto, baseado em fatos que nunca ocorreram, um processo que seria o prolongamento maldito da “farsa”. Atenção: ele não ataca apenas o Ministério Público e a Polícia Federal, ataca também e principalmente o Poder Judiciário em sua mais alta Corte, que seria cúmplice de uma tentativa de golpe de Estado. Em vez de pedir um julgamento justo e desapaixonado – a exemplo do que têm feito os próprios acusados -, o que seria legítimo e adequado, Lula fustiga: esse processo não passa de uma falsificação de fato e de direito. Com isso desqualifica a Justiça.
Essa postura vem de tempos. Mais abertamente, vem pelo menos desde 2010. Numa entrevista a blogueiros, ainda instalado no Planalto, Lula caracterizou o mensalão como uma “tentativa de golpe”. E prometeu: “Depois que eu deixar a Presidência, vou querer me inteirar um pouco mais disso, mas, como presidente, não posso ficar futucando”. Em outro evento, como este jornal noticiou em 20 de novembro de 2010, o então presidente anunciou que a partir de janeiro de 2011 iria empenhar-se em “desmontar a farsa do mensalão”. E assim tem sido. Agora, em 21 de maio, ao ser homenageado na Câmara Municipal de São Paulo, ele voltou a falar do caso como um movimento golpista: “Na verdade, era um momento em que tentaram dar um golpe neste país”.
As palavras de Lula encerram o significado de Lula. Ele representa, hoje, a ponta de lança de um discurso corrosivo que acusa o STF de ter recebido como processo jurídico normal uma repugnante tentativa de golpe de Estado.
Por isso Gilmar Mendes cometeu um erro ao ter dito sim ao convite para se reunir reservadamente com Lula, justamente aquele que enuncia publicamente uma acusação peremptória contra o STF. Agora, nesta semana, Mendes incidiu num segundo erro, que é pior. Falou várias vezes a repórteres sobre seu diálogo com Lula e a cada nova manifestação vem subindo o tom, numa escalada que amedronta. Chegou a dizer que Lula está ligado a “moleques”, “bandidos” e “gângsteres”, que se teriam associado numa operação para desmoralizá-lo.
Aí, complica. O ministro tem o direito – e talvez o dever – de dizer o que ouviu de Lula numa reunião particular. Só não deveria partir para o desaforo. Quando um magistrado da Corte Suprema bate boca, o Estado de Direito bate os dentes.
Naquele dia 26 de abril, num escritório brasiliense, pode ter havido uma conversa grave, mas o cenário que a envolve, e que é público, é mais grave ainda. Tão grave e tão claro que nos cega e nos deixa paralisados.
Fonte: 31/05/2012
Uma situação vexatória para todos os brasileiros! Um ex Presidente da Republica tentando coagir um Ministro do Supremo Tribunal, em horário nobre da televisão brasileira!
Lula agora é digno de pena. Eu que ando no mato sem cachorro vejo um velho búfalo ferido na floresta. O cruel mundo animal não perdoa e tira lasca, serve-se à vontade. Prato para hienas e chacais. A semana passada disse que “não vai se suicidar, como fez Getúlio Vargas, nem fugir da raia, como fez João Goulart”. Então bate de porta em porta dos ministros encarregados de julgar seu modo de atuação. O medo da sentença fê-lo correr tanto que deu a volta ao mundo para cair justamente nos braços da assombração². Lula já ganhou o veredicto. O corintiano retirante nordestino agora sim, vai para o pau-de-arara. Gilmar Mendes, que conheceu pessoalmente sua maneira de convencer, em vez de lhe dar voz de prisão pela aloprada tentativa de chantagem resolveu mostrar ao mundo a cara sem máscara do impostor. Lula não pensa mais. Não dorme mais. Diferentemente de um Giordano Bruno, aguarda a fogueira desprovido da menor altivez, como se esperava. Rasteja como verme implorando clemência, misericordia.
Se nada der certo, descartados suicídio e fuga, Lula prefere ser crucificado como um herói que jamais foi. Não possui resistência nem pedigree sequer para este arroubo. Lula não tem a menor condição de cumprir a Via Crúcis. Lula será apenas amarrado numa cruz. Como os dois ladrões.
Isso ñ me surpreende, já era de se esperar isso do Sr. LULA
Dizer q o gilmar mendes não poderia ir encontrar o ex presidente lulla na casa do ex ministro do supremo nelson jobim é um absurdo, não pode porquê? O que não pode é o lulla coagí-lo, nelson jobim se prestou ao papel porque quis e ainda diz q não sabe de nada… O erro do Gilmar mendes foi imaginar que o lulla é uma pessoa para ser levada a sério, ele fez o que fez sabendo muito bem o que estava fazendo, sabia que colocaria o Gilmar Mendes em situação difícil e esse era o objetivo. É uma pena que o sr Bucci, que escreveu o artigo, ficou mais preocupado com a reação do Gilmar, que foi claramente assediado o que é sabido por todos, inclusive todos os jornalistas políticos de brasilia sabem que Lulla esta pressionando todos os ministros do STF e ficam quietos com medo da tropa petista e dos ataques do JEG e da BESTA. Pelo visto, para o autor Bucci, o que o Lulla fez não é tão grave… Pelo visto estão certos em coagir imprensa e todos os demais que possam espalhar a verdad do mensalão…
É até engraçado a vontade de defender o lulla por aqueles que não querem largar o osso, como assim “da pra entender porque jornalistas estão obcecados com a reunião do lulla com o gilmar mendes”? Não era pra estar? Deveríamos olhar pro outro lado enquanto o lulla coage o STF?
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É meus amigos enquanto não instituirmos o voto distrital no Brasil estamos danados mesmo….