Com as Eleições 2018 próximas do fim, pode-se dizer que, independentemente do resultado, é certo que Brasil passará grandes mudanças. O empreendedorismo, entretanto, não tem sido assunto prioritário na campanha dos candidatos ao cargo máximo da República – o que incomoda representantes do ecossistema brasileiro.
Para Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae Nacional, Bruno Caetano, diretor-superintendente do Sebrae SP, e Juliano Seabra, diretor da TOTVS/Idexo e antigo diretor-geral da Endeavor, a pauta do empreendedorismo deveria ser de primeira importância.
Os executivos se apresentaram durante um evento de empreendedorismo, realizado na cidade de São Paulo por uma rádio. Também participaram da mesa Marcus Salusse, coordenador de projetos do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV, e Matheus Moraes, presidente da 99.
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Na visão dos especialistas, questões como burocracia e acesso ao crédito ainda desestimulam a atividade empreendedora no Brasil. Mesmo com tantos fatores jogando contra, ressaltam a resiliência do empresário brasileiro. “Em termos de emprego e renda, quem carrega o Brasil nas costas é o pequeno”, diz Afif Domingos.
Segundo o presidente do Sebrae Nacional, nos últimos dez anos os micro e pequenos negócios geraram mais de 11 milhões de novas vagas de emprego no mercado brasileiro. “O Brasil real é composto pelo universo de microempreendedores individuais”, afirma.
Por isso, defende que a classe política se volte para o MEI nos próximos anos. “Ainda há muitas empresas informais no Brasil. E não são elas que estão fora da lei, é a lei que não as contempla”, diz Afif. Para o executivo, que atuou como ministro da secretaria da Micro e Pequena Empresa, durante o governo Dilma Rousseff.
Entre as soluções sugeridas por ele estão a expansão do Simples Nacional, descentralização do poder público e foco nas reformas tributárias e da Previdência. Juliano Seabra concorda.
Para o ex-diretor-geral da Endeavor Brasil e atual diretor da Totvs/Idexo, o empreendedorismo é uma pauta que supera a polarização política. “Existe uma compreensão da sociedade de que os pequenos negócios devem ser estimulados”, afirma.
Sobre os problemas do ambiente brasileiro, Seabra entende que não há solução mágica.
“Resolver a questão burocrática é como abrir o capô do carro: é preciso revisar os processos e trabalhar duro”, diz. Outro ponto que entende como positivo é um maior número de empresários eleitos nas Eleições deste ano. “A gente espera que eles sejam os primeiros a se lembrar como a vida do empreendedor é difícil.”
Bruno Caetano, do Sebrae-SP, entende que falta uma “visão cooperativa” do poder público para com o ecossistema empreendedor. A solução, no seu entendimento, é mudar a cultura de base do brasileiro – e colher os frutos num futuro de médio prazo. “O empreendedorismo precisa estar na agenda desde cedo. Levar essa mentalidade de liderança e organização financeira desde a escola, já no Ensino Fundamental”, diz.
Salusse também entende a importância do empreendedorismo de base. “Sempre considerei antiga a ideia de que empreender é algo que se faz na raça. Tem que ter capacitação”, diz.
Matheus, presidente da 99, 1º unicórnio brasileiro (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão), acredita que “o Brasil que virá não é mais fácil do que o de agora”.
Para o executivo, a realidade é que as dificuldades devem seguir – e é papel do empresário transformá-las em oportunidades. “Ainda temos muitos problemas. Isso, de alguma forma, é bom para quem empreende e quem investe. A gente não pode esquecer que problema é bom de resolver”, diz.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”