Notícias recentes dão conta de que o PSDB vai trazer o guru de Barack Obama para orientar a campanha do senador Aécio Neves (MG) à Presidência da República. David Axelrod é um dos principais estrategistas políticos dos Estados Unidos e um dos gênios em campanhas eleitorais.
A importação de um guru faz parte do roteiro de desespero que assola quem não consegue se articular para uma boa campanha.
Em que pese a genialidade de Axelrod, a questão dos tucanos é realmente séria e precede qualquer estratégia eleitoral. O ponto fundamental de tudo é estabelecer-se como um partido de oposição.
Apesar do discurso de oposição, o PSDB não sabe fazer oposição e não foi capaz, nestes dez anos fora do poder, de se organizar para tal. Por quê? São muitas as razões.
Vamos falar de algumas. A primeira delas é o fato de o partido ser profundamente desunido. Tanto pelo excesso de caciques quanto pela falta de definição de um líder. FHC – que deveria ser este líder – nunca se sentiu estimulado para tal.
Muitos caciques e nenhum chefe tornam o PSDB um balaio de gatos… A segunda razão é que o partido é bem semelhante ao lulismo em termos de soluções econômicas e ideológicas. Lulismo e PSDB são de centro-esquerda.
Gostam de fundos de pensão de funcionários públicos e de estatais. Gostam do BNDES e gostam de mandar nas estatais. Terceira razão: ser oposição dá muito trabalho.
Implica atuar diariamente para identificar pontos fracos e contradições do governo. Poucos, na oposição, parecem talhados para o trabalho; a maioria se contenta com o brilhareco de algumas declarações.
O trabalho duro de bater com consistência todos os dias no governo não acontece, nem mesmo com a grande imprensa à disposição, oferecendo espaços generosos a quem fala mal do governo. Falta agenda, faltam argumentos, falta consistência e falta constância.
Com uma oposição lenta e desarticulada, que desperdiça tempo e energia em intermináveis discussões internas, outra oposição ganha espaço. Daí o frisson que a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, desperta.
E não apenas por ser um quadro do lulismo, mas também por articular um discurso de mudança. E Campos continua intensificando sua movimentação política pelo país com o objetivo de se tornar conhecido nacionalmente e viabilizar a construção de sua candidatura à Presidência.
O que chama a atenção nesses seus movimentos iniciais visando às eleições de 2014 é a boa receptividade de seu nome entre o empresariado, os sindicalistas e a chamada grande imprensa.
A incógnita é saber como a opinião pública, sobretudo os eleitores, avaliarão o seu nome como possível pré-candidato ao Planalto.
Essa dúvida pode começar a ser respondida este mês, quando, além da agenda política que ele vem realizando pelo país, terão início o programa partidário do PSB e as inserções do partido na TV, o que ajudará a popularizar sua imagem.
Ainda que a disputa presidencial de 2014 tenda à polarização entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves, o fator Eduardo Campos tem potencial para preocupar petistas e tucanos. Principalmente estes, que ainda não sabem como ser oposição.
Fonte: Brasil Econômico, 02/04/2013
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