Entre 2010 e 2014, o Brasil passou do 38º para o 54º lugar na classificação do Índice de Competitividade Global, do International Institute for Management Development (IMD). Os fatores que mais contribuíram para o desempenho negativo do país foram a queda da produtividade, a alta da inflação e a recuperação das economias centrais – caso dos Estados Unidos, por exemplo. Dos 60 países ranqueados neste ano, o Brasil superou apenas Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela.
Hérica Righi, responsável pela coleta e análise dos dados do Brasil para o ranking, aponta a falta de investimentos em infraestrutura como uma das principais causas da baixa competitividade do país. “A decadência e depreciação da infraestrutura ocorre no longo prazo. Esta é uma carência de décadas no Brasil”, alerta Righi, que também faz parte do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral (FDC). Segundo ela, a baixa taxa de inovação é outro motivo para a queda da competitividade da economia nacional perante os outros países.
A pesquisadora reconhece que fatores externos como a recuperação das economias centrais após a crise financeira de 2008 também contribuíram para a retração. Mas reforça a reponsabilidade do país pelos resultados negativos. “A questão está ligada à falta de efetividade de implementação de ações e investimentos programados, em especial em infraestrutura. Outro ponto é o não avanço de agendas importantes para o desenvolvimento da atividade empresarial, como forma de reduzir o chamado ‘custo Brasil’”, destaca.
A desvantagem do país frente a outros mercados se deve ainda a inflação elevada. Na opinião de Righi, a alta dos preços age como um “vilão” que prejudica a competitividade. “Quando os preços do Brasil aumentam mais do que em outros países, seus produtos ficam mais caros no mercado internacional. Isso diminui a procura, pois eles se tornam menos competitivos”, explica.
Em relação à recuperação do nível de competitividade perdido nos últimos quatro anos, Righi acredita que o Brasil terá dificuldades de reverter o quadro devido aos problemas estruturais do país. Para a pesquisadora, o caminho da mudança passa, necessariamente, pelo alinhamento entre governo e empresas com a agenda de desenvolvimento empresarial, pelo caráter contínuo dos investimentos e pela aplicação de recursos em infraestrutura.
O ranking
O ranking do IMD se divide em quatro pilares: Desempenho da Economia, Eficiência do governo, Eficiência dos Negócios e Infraestrutura. Ele é composto por dois tipos de dados: “hard” e “soft”. Os dados “hard” se referem àqueles coletados em fontes oficiais como PIB, Investimentos, gastos, etc. E os dados “soft” reúnem percepções coletadas com executivos a partir de uma pesquisa aplicada.
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