Qual será o evento judicial com potencial de influenciar na disputa eleitoral a acontecer nesta quarta-feira? O dia de ontem reforçou a onipresença da Justiça na política brasileira, ora levando mais clareza, ora embaralhando ainda mais a campanha em várias frentes.
Entre as ações há recursos contra a campanha petista e até por incitação ao crime contra Jair Bolsonaro, candidato do PSL. A maior leva de indefinições, claro, vem dos recursos do PT ao indeferimento do registro de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A defesa do petista protocolou no Supremo Tribunal Federal um recurso que será decidido pelo relator da Lava-Jato na corte, ministro Edson Fachin. Como Fachin foi o único dos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral a votar a favor de Lula com base em recomendação da ONU, aliados do ex-presidente estão esperançosos numa decisão favorável. Se não alcançar sucesso no Supremo, o PT deve anunciar a substituição de Lula por Haddad no último dia possível, 11 de setembro.
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Enquanto isso, a demora vai provocando confusão. Na noite de ontem, o Ibope anunciou que pediu autorização ao Tribunal Superior Eleitoral para divulgar uma pesquisa realizada com o nome de Lula no páreo. A divulgação da pesquisa, prevista para ontem, foi adiada. O Datafolha cancelou uma pesquisa que seria finalizada hoje e registrou novo levantamento, a ser feito sem o nome de Lula.
Outra leva de decisões judiciais anunciada ontem pode influenciar as eleições. No Rio, o candidato ao governo Anthony Garotinho (PRP) foi condenado em segunda instância pela segunda turma do TRF-2 por formação de quadrilha e, portanto, deve ter seu registro vetado com base na Lei da Ficha Limpa. Em São Paulo, o Ministério Público do Estado apresentou a terceira denúncia contra o candidato a vice na chapa presidencial do PT, Fernando Haddad, por corrupção pelo recebimento de 2,6 milhões de reais da empreiteira UTC por dívidas na campanha de 2012. As equipes de Garotinho e de Haddad afirmam que estão sendo alvo de perseguição no período eleitoral.
Já o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, mandou soltar o ex-secretário do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), Laurence Casagrande Lourenço, preso desde junho por supostos desvios nas obras do Rodoanel. A prisão de Lourenço era um calcanhar de aquiles para a campanha de Alckmin à presidência. Na semana passada, em entrevista o Jornal Nacional, Alckmin, questionado sobre a prisão, afirmou que Lourenço “é uma pessoa séria” e que está sendo “injustiçado”. A decisão unilateral de Gilmar Mendes deve dar força a seu discurso.
Fonte: “Exame”