A proposta do governo Michel Temer de privatizar a Eletrobras, comunicada oficialmente nesta segunda-feira – incluída em um plano mais amplo de 58 projetos – retoma uma prática iniciada no Brasil dos anos 90, ainda com o presidente Fernando Collor de Melo (1990-1992). Foi naquele momento que foi vendida a Usiminas, então considerada a joia da coroa, em 1991.
Na lista de principais empresas desestatizadas, aparecem companhias como Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Vale do Rio Doce e a Embraer. Um dos ícones da privatização ocorreu no setor de telecomunicações, em 1998, na Bolsa de Valores do Rio.
Adriano Pires explica o impacto positivo do processo de privatização da Eletrobras. Ouça!
Neste caso, no entanto, a Telebrás não foi vendida individualmente, mas dividida em companhias menores. O sistema, incluindo as companhias estaduais, como Telerj e Telesp, foi fracionado por regiões e a oferta das empresas se constituiu na maior privatização ocorrida até então no país.
O fôlego maior nas privatizações ocorreu durante os dois governos do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O programa buscava melhorar a produtividade da economia e ampliar o acesso da população a serviços como os de telefonia.
Confira a seguir as principais privatizações já realizadas no Brasil.
USIMINAS
Mais de 60% da capacidade de produção do setor siderúrgico no início dos anos 90 estavam nas mãos do Estado, com a holding Siderbrás. O processo de privatizaçao deu início a uma reestruturação da siderurgia brasileira, com uma forte redução no número de empresas. A primeira a ser vendida foi a Usiminas, em 1991, então uma das mais lucrativas do sistema. Quem a arrematou foi o Grupo Gerdau, que também levou a Cosinor e a Piratini.
Dois anos depois, em 1993, já no governo de Itamar Franco, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi adquirida pelo empresário Benjamin Steinbruch, do Grupo Vicunha, que mais tarde investiria na Companhia Vale do Rio Doce, hoje Vale. A CSN foi arrematada por R$ 1,2 bilhão em um longo processo que envolveu batalhas jurídicas e provocou polêmicas entre defensores e críticos da privatização.
Criada em 1969, durante a ditadura militar, a Embraer se tornou um ícone da indústria aeronáutica brasileira. Ela foi privatizada em 1994: o grupo Bozano, Simonsen pagou R$ 265 milhões no leilão. Após a privatização, o número de funcionários da Embraer foi reduzido de 9 mil para cerca de 6 mil pessoas, mas chegava a quase 20 mil no fim de 2015. Em 2017, a previsão da empresa é entregar de 97 a 102 jatos comerciais e de 105 a 125 jatos executivos.
A Companhia Vale do Rio Doce era a maior exportadora de minério de ferro do mundo em 1997, quando foi privatizada. A empresa foi arrematada por US$ 3,3 bilhões pelo consórcio Brasil, liderado pela CSN e que incluía fundos de pensão administrados pela Previ – do Banco do Brasil – e grupos nacionais e estrangeiros com menor participação. Já privatizada, a Vale tirou partido da grande valorização registrada pelo minério de ferrro nos últimos anos devido, em grande parte, à crescente demanda da China. Hoje a Vale tem operações em 25 países do mundo, desde a América do Sul até Ásia e Oceania.
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