Em Coronelismo, enxada e voto, Victor Nunes Leal apresenta uma rigorosa interpretação de documentos históricos, legislações e dados estatísticos (então novidade nos trabalhos de ciências humanas realizados no país). O livro demonstra como a estrutura sistêmica do coronelismo transcendia o âmbito do mandonismo local para entranhar-se nos mais elevados escalões da República.
O coronelismo, sistema arcaico e brutal, foi o principal sustentáculo político da República Velha (1889-1930). Segundo o autor, a concessão do oficialato da Guarda Nacional – milícia imperial criada em 1831 – aos grandes proprietários de terras e escravos selou a ilegítima aliança entre o poder público e os interesses privados desses mandachuvas. Já na República, os ex-cativos e seus descendentes logo se incorporaram à esfera de influência eleitoral dos herdeiros da casa-grande. Desse modo, sucessivos governos estaduais e federais se elegeram com os “votos de cabresto” dos grotões. Embora há muito a supremacia dos caudilhos rurais seja apenas um episódio de nossa história, suas nefastas consequências ainda se fazem sentir na arcaica distribuição fundiária do país.
O mais difícil é encontrar o livro.