Organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o World Economic Forum (WEF ) argumentam em seus relatórios anuais que um dos principais problemas da competitividade brasileira seria a sua baixa produtividade. Indicadores como estabilidade macroeconômica, dispêndio com inovação, baixa qualidade da educação, restrições da capacidade industrial, política fiscal e cambial apresentam-se como limitadores para o crescimento.
Complementando ao FMI e WEF, o Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral (FDC) realizou um estudo extenso em 2012, avaliando os determinantes do investimento privado, sendo que os principais limitadores seriam a formação bruta de capital fixo, tipicamente um indicador industrial, bem como a forma como o BNDES vem destinando os seus recursos para o mercado. A partir deste relatório, foi possível analisar diversos setores de interesse e perceber que grande parte das empresas privadas brasileiras não tem a carga tributária como limitadora, mas as restrições de infraestrutura, endividamento crescente com importações e custo de capital elevado.
A partir do estudo descrito acima, uma nova dúvida pairou sobre os horizontes do Núcleo de Inovação da FDC além da formação bruta de capital fixo e os outros itens citados como limitadores para o crescimento privado, estaríamos vivendo uma crise energética? Seria a energia um limitador oculto para o crescimento das empresas privadas, além dos dados explícitos?
Dados da Empresa de Planejamento Energético (Epe) estimam que para os próximos dez anos haveria uma abundância de recursos, como as estimativas de produção de petróleo, ampla capacidade de geração hidraulica, exploração térmica, eolica e solar. Mas seria isto verdade? Ao analisar todos estes dados, correlacionando os mesmos com o desempenho econômico e industrial, percebe-se um risco para a economia brasileira.
Os estudos da FDC sugerem que apesar dos recursos disponíveis, o valor das opções energéticas estaria acima do que o mercado vem praticando. As análises propõem que a qualidade da energia do Brasil não seria satisfatória, gerando prejuízos ocultos às empresas privadas. Se pudéssemos somar a todos os dados resultantes da pesquisa conduzida em 2012, o cenários para os próximos anos seriam de risco.
Não bastaria o pré-sal ou as frentes realizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em busca de leilões e redução de custos do setor elétrico. Haveria a necessidade para investimentos de grande porte, para melhorar a eficiência das máquinas e dos recursos energéticos. Neste sentido, inovar deveria ser um pressuposto do governo e empresas privadas, destinando mais recursos para pesquisa e desenvolvimento e novas tecnologias. Do contrário, além das ameaças de novas fontes energéticas nos Estados Unidos, Europa e Japão, mais uma vez o Brasil perderá a corrida para o título de nação desenvolvida. Conclui-se que o tema energia, deveria estar na pauta de ações imediatas do mercado, em busca de vantagens competitivas.
Claro que o tema energia deve ser tratado com seriedade e principalmente com transparência e governança efetivas. Somente alguns “iluminados/iluminadas” acham que no Brasil não ter-se-á apagão em breve.