Diretor da Euro Pacific Capital participou do painel de finanças públicas do Fórum da Liberdade, ao lado do brasileiro Gustavo Franco e do português Marcelo Rebelo de Sousa
O penúltimo painel do 27º Fórum da Liberdade trouxe as finanças públicas como tema central e expôs as inseguranças e erros cometidos pelo Brasil nos últimos anos. Debateram sobre o assunto no final da tarde desta terça-feira, 8 de abril, em Porto Alegre, o diretor de comunicação e consultor de investimento da Euro Pacific Capital, Andrew Schiff; o membro do Conselho de Estado de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa; e o empresário e ex-presidente do Banco Central do Brasil Gustavo Franco.
Convidado a dar início ao debate, Sousa evitou apresentar de imediato uma análise sobre o Brasil, preferindo indicar os principais problemas que atormentaram a economia portuguesa nos últimos anos. O consultor político destacou a desestatização do Estado, a troca da moeda e o alto limite concedido para as dívidas públicas como os principais fatores que contribuíram para o enfraquecimento financeiro. O assunto Copa do Mundo acabou, contudo, vindo à tona, e Sousa expôs seu parecer em relação a preparação brasileira. “A questão não é se vai ou não ter Copa e sim como ela foi idealizada, isto é, com ou sem controle financeiro. O evento vai passar e a conta virá”, afirmou.
Andrew Shiff realizou uma análise geral sobre as crises mundiais e a influência das decisões americanas sobre os demais países. Ao mencionar a bolha imobiliária de 2008, o americano afirmou que o impacto global poderia ser muito menor se os demais países não dependessem tanto dos Estados Unidos. “Há uma grande expectativa mundial sobre o poder de recuperação financeira dos EUA e isso faz com que as bolhas se tornem cada vez mais fortes porque os países seguem nossos passos”, argumentou. Apesar de ter sofrido menos em 2008, Shiff alerta que países como o Brasil têm adotado uma postura de muito respeito no mercado.
O ex-presidente do Banco Central brasileiro Gustavo Franco (1997-1999) falou sobre a ilusão de poder econômico do país, que tem sido compartilhada de forma equivocada pelo Governo. “O Brasil sempre teve um pensamento muito lúdico na economia. Achávamos que poderíamos nos endividar e cedo ou tarde um tesouro seria descoberto embaixo da terra”, ironizou. Franco chamou a atenção para a dívida pública brasileira, que apresenta valores controversos. Enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) indica um índice de 68% do PIB, o Ministério da Fazenda alega que o número é de 36%. “É um percentual enorme para um país emergente. Da forma com que o Governo comunica esse tipo de informação para a população parece que a situação é confortável”, concluiu.
Sobre o Fórum da Liberdade
O Fórum da Liberdade é realizado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE) desde 1988 e reúne, durante dois dias de evento, mais de 6 mil pessoas. Ao longo das 26 edições já realizadas, o Fórum reuniu mais de 60 mil participantes, 243 conferencistas, 6 chefes de Estado, 5 ganhadores do Prêmio Nobel de Economia, 103 acadêmicos e intelectuais, 21 ministros de Estado e 30 lideranças empresariais. Neste período, foram debatidos temas de cunho econômico, político e social, sempre com o intuito de apresentar à sociedade a opinião das diversas lideranças mundiais e, preponderantemente, abrindo espaço para a pluralidade de ideias. O Fórum alcançou reconhecimento e credibilidade nacional e internacional, através dos grandes conferencistas que reúne em Porto Alegre e da seriedade e dedicação colocada em cada atividade do evento.
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