A versão de Goethe para a história de Fausto, o homem que fez um pacto com o demônio para obter poder e prazeres, é das mais famosas, citadas e comentadas. Mas poucos leram o texto na íntegra ou sabem da existência de uma segunda parte, mais extensa que a primeira, e repleta de discussões sobre economia e política. Fora do idioma original de Goethe, também havia pouco material acadêmico sobre as questões econômicas presentes na obra. A lacuna foi preenchida por um dos mais renomados economistas europeus, Hans Christoph Binswanger, que analisa o texto não apenas como um documento sobre a cultura do Ocidente, mas ressalta o seu poder de profecia e sua atualidade.
Na época em que “Fausto” foi escrito, os soberanos ainda buscavam a ajuda de astrólogos e alquimistas para resolver problemas do Estado. A história se localiza justamente no momento, em que, em vez de recorrer a alquimistas para transformar chumbo em ouro, percebe-se que o melhor é buscar economistas com conhecimento em bancos que emitem papel-moeda dotados de algum lastro de natureza imaginária. O resultado acaba sendo o mesmo: criar valor a partir do nada. E esse é apenas alguns dos temas analisados pelo autor de “Dinheiro e magia”.
O economista e membro do Instituto Millenium, Gustavo Franco, ainda atualiza reflexões de Binswanger na perspectiva dos desdobramentos brasileiros e, inspirado pelas ideias do suíço, levanta hipóteses como a de que o verdadeiro patrono do crescimento brasileiro não seria Juscelino ou algum economista desenvolvimentista, mas ninguém menos do que o Fausto de Goethe. “Dinheiro e magia” (Zahar, 2011) conta com uma cuidadosa apresentação da lenda, da obra do escritor alemão e de detalhes de sua trajetória como autor.
mas a nota de dinheiro naum foi criada por geremias