Mais do que uma sondagem sobre a popularidade dos candidatos, as pesquisas eleitorais influenciam as campanhas e podem até mudar os rumos de uma eleição. Essa é a opinião do cientista político e especialista do Instituto Millenium, Paulo Moura. “De certa forma, a divulgação de pesquisas condiciona os eleitores, podendo excluir nomes da disputa por antecipação e pautar as escolhas em torno dos líderes”, afirma ele.
Estudos realizados em vários países mensuram a capacidade de influência das pesquisas eleitorais. Segundo Moura, eles revelam que 4% do eleitorado seguem a maioria apontada pelos resultados dos levantamentos. “Em eleições com resultado apertado isso pode fazer muita diferença”, diz o cientista político, também professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Outro voto relacionado ao resultado das pesquisas é o voto “útil”, aquele em que o eleitor vota no adversário do seu concorrente. “O voto útil, de fato, acontece e muitas vezes pode antecipar o segundo turno no primeiro. A escolha de quem pode derrotar aquele que não queremos ver eleito é típica de segundo turno, mas, diante da informação da pesquisa publicada, esse tipo de comportamento eleitoral pode ser antecipado”, explica o cientista político.
Motivo de preocupação: crescimento dos votos branco e nulo
Como instrumento de avaliação do comportamento do eleitor, as pesquisas também fazem diferença nas eleições ao orientar a estratégia que será adotada pelos candidatos. Moura explica que os partidos chegam a investir de 15% a 20% do orçamento geral das campanhas em estudos internos. “Afere-se muito mais do que ranking e rejeição em pesquisas estratégicas. Testam-se argumentos e percepção de imagem”, ressalta.
Outra importante aferição feita por institutos como o Instituto Brasileiro de Opinião Publica e Estatística (Ibope) e o DataFolha é sobre o número de eleitores que optam pelos votos branco e nulo. Paulo Moura acredita que o voto nulo representa uma manifestação de protesto contra todo o sistema político. Já o branco revela insatisfação, mas também indiferença. “Em todos os sistemas políticos, esse tipo de voto está presente. Mas, seu crescimento, como está ocorrendo no Brasil recente, deveria ser motivo de preocupação dos políticos”, alerta.
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