O empreendedorismo é cada vez mais presente. Mas nas escolas brasileiras o conceito ainda patina. Ocupamos a 56ª posição numa lista de 65 países na difusão da educação empreendedora, segundo a Global Entrepreneurship Monitor. No âmbito das finanças, apenas 35% dos brasileiros são alfabetizados financeiramente.
Embora tenham sido incorporados na Base Nacional Comum Curricular, conteúdos relacionados ao empreendedorismo e à educação financeira são pouco aplicados nas salas de aula. Sete em cada dez professores não sabem lidar com matérias vinculadas às áreas ou, mesmo, nunca foram treinados para aplicar a metodologia no ambiente escolar, segundo pesquisa do Sebrae.
Esse obstáculo precisa ser superado. Já passou da hora de o Brasil instituir uma Política Nacional de Educação Empreendedora e Financeira, visando à conexão entre os conhecimentos técnicos e o mundo do trabalho e da produção. Algumas diretrizes são indispensáveis para a implementação dessa política:
1) incluir o empreendedorismo e a educação financeira como conteúdos transversais na Lei de Diretrizes da educação básica;
2) oferecer cursos de formação para professores e gestores escolares sobre educação empreendedora e ensinamentos financeiros;
3) promover feiras, exposições e eventos ligados ao empreendedorismo e a noções de finanças no ambiente acadêmico e escolar;
4) incentivar parcerias com universidades, empresas, organizações sociais e instituições de fomento e apoio ao empreendedorismo e à educação financeira;
5) estabelecer metas no Plano Plurianual e destinar recursos nas leis orçamentárias para a execução da política, especialmente para melhoria da infraestrutura escolar;
6) coordenar e monitorar as condições de aplicação da política proposta nas redes de ensino federal, estaduais e municipais.
A iniciativa busca estimular o desenvolvimento integral de estudantes, capaz de nutrir atributos como identificar e resolver problemas, exortar o pensamento crítico, liderar a execução de projetos, saber lidar com o dinheiro e desenvolver uma cultura de planejamento, poupança, investimento e consumo responsável. Trata-se de abordagem educativa que visa a promover o protagonismo do indivíduo, preparando as novas gerações para os desafios do mundo contemporâneo.
A mentalidade empreendedora não é necessária apenas no ambiente empresarial. O sucesso de qualquer projeto exige que seus agentes adotem atitudes de liderança, criatividade, ousadia, inquietação e busca da inovação. Isso vale tanto para os negócios quanto para o setor público, para o voluntariado, o mundo do esporte e a vida privada.
Precisamos unir esforços para construir um currículo escolar antenado às mudanças do mundo real, a fim de que os jovens brasileiros possam contar com uma formação mais próxima das demandas do mercado de trabalho.
Hoje, 98% dos estudantes brasileiros matriculados na rede pública se dizem interessados em escolas que os capacitem para o trabalho, segundo levantamento da organização Todos Pela Educação.
Educação e empreendedorismo são dois pilares capazes de mudar vidas e, portanto, precisam andar juntos. A construção de um Brasil admirado passa, inexoravelmente, por uma avançada Política Nacional de Educação Empreendedora e Financeira.