Apesar de comparadas em alguns casos, a pobreza e a desigualdade são variáveis bem distintas. De acordo com o professor de Ciência Política do Ibmec-MG e PhD em Teoria Política e Econômica pela Universidade de Genova, Adriano Gianturco, “a pobreza é um conceito absoluto no que se refere aos indivíduos, e a desigualdade se compara aos outros”. Por isto, não é correto afirmar que a desigualdade provoca a pobreza, ou o contrário, explica o professor:
“Na antiguidade, por exemplo, todo mundo era igualmente pobre. Na medida em que alguns indivíduos e países ficaram mais ricos, surgiu a desigualdade. Então, é a riqueza que gera a desigualdade. Não no sentido de gerar pobreza, mas no sentido de que algumas pessoas ficam mais ricas”. Ouça o podcast completo!
A liberdade individual assegura o indivíduo a lutar pelos seus ideais, seja no combate à pobreza ou à desigualdade. Porém, “a pobreza e a desigualdade não se reduzem combatendo, e sim produzindo riqueza”, ressalta Adriano, apontando a China como o exemplo de um país que reduziu consideravelmente o índice de pobreza após a abertura do mercado para o capitalismo mundial em 1970:
“O livre mercado, as empresas, o aumento da produtividade, a melhoria da tecnologia e inovação são o que de fato reduzem a pobreza, mesmo que não seja intencional. Basta olharmos para as últimas décadas, a pobreza reduziu muito e em grande parte não foi pelas ações de bens intencionados. A China, por exemplo, abraçou um sistema um pouco mais livre, o sistema capitalista, e muitas pessoas saíram da pobreza”.
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As políticas públicas podem ocasionalmente diminuir a pobreza, mas não são a solução. Segundo o professor, a melhor maneira de contribuir com este cenário, é através da implementação de novos negócios. “A sociedade precisa entender que a pobreza não diminui com a política pública. Existem sim políticas públicas que conseguem diminuir a pobreza, sem sombra de dúvida, e geralmente são projetos pequenos. Mas, repito, o que funciona melhor não é a política pública, é o mercado, o empreendedorismo”.