Entre 2010 e 2014 o Brasil perdeu 16 posições no ranking de competitividade global, saindo do 38.º para o 54.º lugar entre 60 países, segundo a pesquisa anual da escola suíça de negócios IMD e da Fundação Dom Cabral. O declínio da posição internacional do Brasil é evidenciado pelo déficit do comércio exterior e pela piora da conta corrente cambial.
Infraestrutura precária, abertura insuficiente da economia e estrutura institucional-regulatória ineficiente forçaram a queda ininterrupta da classificação do país nos últimos cinco anos e a perda de três posições em relação a 2013. Foi o pior desempenho desde 1996, notou o responsável pela pesquisa no Brasil, Carlos Arruda.
Pelo ranking de 2014, o Brasil ficou à frente apenas de países mais pobres e com dificuldades maiores: Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela. Destes, a Grécia quebrou na crise de 2008, a Venezuela está inadimplente e a Argentina – com a economia cada vez mais fraca – atrapalha-se com o declínio político de Cristina Kirchner, em fim de mandato.
A crise de 2008 afetou muito a Eslovênia, a Bulgária e a Croácia – economias que estão entre as mais frágeis da Europa.
O Brasil está em 58º lugar pelo critério de eficiência do governo – ou seja, entre os 5% piores da mostra. Ocupa o 52º lugar em infraestrutura, mas a básica (que inclui rodovias, ferrovias, portos, energia) está em 58º lugar. Desceu do 37º lugar para o 46º posto por eficiência empresarial, com baixíssima produtividade e eficiência (59º lugar). E ocupa a 43ª classificação por desempenho da economia, com o 59º posto no comércio internacional e o 54º em preços. A inflação é tida como grave problema por entrevistados.
Relegar a segundo plano a competitividade global teve o alto custo de empurrar o país para o déficit corrente cambial de US$ 81 bilhões, (3,6% do PIB), em 2013, e de US$ 33,4 bilhões, no primeiro quadrimestre (4,6% do PIB). Houve superávit comercial de US$ 2,5 bilhões em 2013, mas neste ano há déficit de US$ 5,9 bilhões.
Não cabe comparar o Brasil com os países mais competitivos do mundo, como Estados Unidos, Suíça, Cingapura ou Alemanha (que ganhou três posições entre 2013 e 2014), pois outros emergentes também perderam. Mas ficar atrás de concorrentes diretos por investimento (como Índia e África do Sul, entre os Brics) exige pelo menos autocrítica do governo.
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