O nosso potencial de crescimento econômico sustentável é baixo. Há uma crescente percepção do fenômeno. “O PIB patina e revela modelo esgotado. Analistas criticam modelo baseado no consumo e falta de clareza para investir em infraestrutura”, alerta “O Globo” em matéria de capa deste domingo (03/01). “O desastre da indústria: a produção de todo o setor industrial caiu em média 2,7% em 2012, informou na sexta-feira o IBGE. Mas a fabricação de bens de capital recuou 11,8%, o que é um péssimo prenúncio, pois o potencial de expansão da economia depende do investimento em máquinas, equipamentos, instalações industriais e infraestrutura”, registra em editorial o jornal “O Estado de S. Paulo” deste domingo.
O governo reage à dupla tragédia da desaceleração econômica e da desindustrialização com juros baixos, crédito fácil e redução de impostos e encargos trabalhistas. A ameaça do desemprego industrial foi estampada também em manchete de primeira página do “Estadão”: “Emprego naufraga no ABC paulista. Indústrias fecharam 52 mil postos de trabalho em 2012, no berço do sindicalismo brasileiro.” Mas a redução de impostos e encargos certamente amenizou os impactos sobre o mercado de trabalho. A taxa de desocupação registrada pelo IBGE em dezembro de 2012 foi de 4,6%, a mais baixa dos últimos 10 anos, e “as contratações no setor de serviços tiveram em 2012 o melhor desempenho dos últimos 3 anos”, registra o jornal.
Caímos na armadilha social-democrata do baixo crescimento. “Programas sociais de transferência de renda consomem metade das despesas do governo federal, atingindo peso inédito nos gastos públicos e na economia”, adverte a “Folha de S.Paulo” em matéria de capa deste fim de semana. O aumento dos gastos públicos e a expansão do crédito são políticas tradicionais de estímulo à demanda na economia. Aumentam a utilização da capacidade produtiva instalada e reduzem a taxa de desemprego a curto prazo, mas não garantem o crescimento econômico a longo prazo. O fenômeno do crescimento sustentável é bastante mais complexo. Até mesmo a ampliação das transferências de renda exige aumentos de produtividade resultantes dos investimentos. E, sem as reformas de modernização, faltam a confiança e o otimismo para que se disparem esses investimentos.
Fonte: O Globo, 04/01/2013
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