Das 20 maiores empresas de petróleo do mundo na relação da Forbes de 2013, 11 têm capital aberto. Dessas, apenas duas não acumularam perdas neste ano até esta terça, 11: são a russa Gazprom e a norueguesa Statoil. Do mais, ninguém tem o que comemorar. Petrobras e as americanas ExxonMobil e Chevron, então, muito menos – dividem a lanterninha do bloco.
Excetuando as peculiaridades do mercado doméstico de cada uma das companhias, o momento é de tensão para quase todas elas – explica Heron Miguens, diretor do Centro de Energia e Recursos Naturais da Ernst & Young no Brasil, em conversa com o Radar Econômico.
“Embora nem todos os cenários locais sejam iguais, todos os emergentes enfrentam turbulências”, diz ele. “Existe uma recomendação clara de parte dos analistas nos Estados Unidos para que os investidores retirem seus ativos aplicados em emergentes.” Empresas americanas e, em menor medida, europeias, segundo Miguens, também estão expostas às incertezas das alterações de rota da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) – diz Miguens.
E o cenário nebuloso deve ser mantido no horizonte. Em seu primeiro discurso como presidente do Fed, Janet Yellen informou sua intenção de seguir cortando estímulos à economia. Até agora, já caiu de US$ 85 bilhões para US$ 65 bilhões por mês a dose de injeção de capital da autoridade monetária dos Estados Unidos nos mercados. O Brasil é justamente uma das economias mais afetadas por esses movimentos.
A exceção da regra, ao menos por enquanto, fica com as empresas da Rússia. A desvalorização dos rublos em relação ao dólar em um ano supera os 15%. Ou seja, um dólar vale hoje 15% a mais do que valia há um ano em rublos. Assim, o lucro das empresas russas com a venda de barris de petróleo ao exterior tem sido 15% maior do que era há um ano. E isso, evidentemente, anima qualquer investidor.
Heron Miguens cita ainda alguns índices de desempenho econômico calculados pelo banco americano Morgan Stanley. No caso dos mercados emergentes, registram-se perdas totais de 6,6% em 2014. Nas economias desenvolvidas, o recuo foi de 4,3%. “As baixas das gigantes do petróleo neste ano refletem o mal humor generalizado dos investidores”, afirma.
No caso específico da Petrobras, o alto custo de exploração e os baixos níveis de produção colaboraram para piorar a situação que, não fosse isso, já não seria boa. A má vontade dos investidores com o governo, portanto, tem sido compartilhada com a empresa.
Fonte: O Estado de São Paulo
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