A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou nesta quarta-feira que o mundo está experimentando um “forte rebote” que promete um aumento da renda e do nível de vida, à medida que a maior abertura econômicas torna a economia mundial mais sensível a tendências de mudança. Para ela, os governos devem aproveitar o impulso atual da expansão econômica global para aplicar reformas e medidas de política muito necessárias, “especialmente no mercado de trabalho e no setor de serviços”.
Em discurso realizado na Universidade de Hong Kong, Lagarde disse que as reformas, apesar da dificuldade do ponto de vista político, “são mais eficazes e fáceis de aplicar quando as economias estão crescendo, e não se contraindo”. Apesar de lembrar que alguns governos já estão atuando na implementação de reformas, a diretora-gerente do FMI lembra que o aumento de forma significativa das tensões comerciais recentemente impulsionou a incerteza.
Sobre o atual estado da economia mundial, Lagarde comentou que “o panorama é predominante bom” e que “o sol continua brilhando”. De acordo com ela, é possível observar um impulso vindo do comércio e das condições financeiras favoráveis, que incentivam o aumento dos gastos das empresas e das famílias. Além disso, Lagarde lembrou que, nesse cenário, o FMI estima que o crescimento econômico mundial será de 3,9% tanto neste ano quanto no próximo. Nas economias avançadas, a diretora-gerente lembra que o crescimento está superior ao potencial no médio prazo tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Em solo americano, o cenário é de pleno emprego “e é provável que o crescimento acelere ainda mais devido à política fiscal expansiva”.
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Apesar do cenário positivo, a chefe do FMI alertou que o impulso esperado em 2018 e em 2019 “irá perdendo força” devido ao enfraquecimento dos estímulos fiscais nos EUA e na China, entre outros países, com a elevação das taxas de juros e o endurecimento das condições financeiras. Além disso, em seu discurso, Lagarde disse que as perspectivas de envelhecimento da população e de debilidade da produtividade são “complicadas a médio prazo, sobretudo para países avançados”.
Nesse sentido, ela apontou três prioridades para a economia mundial. O primeiro item é relacionado ao comércio, com a chefe do FMI alertando os países para que se mantenham afastados do protecionismo “em todas as suas expressões”. Ela afirmou que análises de restrições comerciais, muitas vezes, terminam estremecendo o conceito dos déficits e dos superávits comerciais e sustentou que “esses desequilíbrios são sintomáticos de práticas comerciais desleais”.
A proteção frente a riscos fiscais e financeiros foi a segunda prioridade elencada por Lagarde, enquanto fomentar um crescimento a longo prazo que seja sólido e que inclusivo, ao beneficiar a todos, também foram citados pela diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”