A vitória de Jair Bolsonaro foi uma forte lufada conservadora. O Brasil real estava algemado pela interdição da ideologia petista. A sociedade estava cansada do populismo político, da corrupção, da ineficiência e do cerco aos valores tradicionais. O presidente eleito soube captar o sentimento profundo da cidadania. Sua mensagem – na política, na economia, na educação, na defesa da família – foi ao encontro da alma nacional. Só isso explica seu desempenho. Sem dinheiro, sem partido, sem televisão e sem apoio midiático, Bolsonaro se transformou num fenômeno eleitoral. As redes sociais, por óbvio, tiveram um papel importante. Mas o que realmente fez a diferença, de longe, foi sua sintonia fina com a demanda reprimida da sociedade. Bolsonaro deu liga. É a bola da vez porque encarnou a onda do momento: um povo que reencontra suas raízes mais profundas.
Assiste-se a uma intensa esgrima informativa a respeito do papel dos professores na formação dos alunos. Alguns entendem que a sala de aula se transformou em espaço de manipulação ideológica. É o caso dos idealizadores do projeto Escola Sem Partido. Estão convencidos de que os conteúdos ministrados pelos mestres não são neutros. São samba de uma nota só. O olhar marxista e relativista seria preponderante, quase asfixiante. A escola seria centro de proselitismo ideológico. A análise da economia, a visão da política, a interpretação da História e a formação das convicções morais dos alunos passariam por um implacável filtro gramsciano. Exagero? Talvez. Mas como lembrou editorial do jornal O Estado de S.Paulo, “evidências não faltam de que muitos professores têm transformado salas de aula em laboratório de doutrinação ideológica esquerdista, sob o argumento de que é necessário criar ‘resistência’ a uma suposta onda conservadora.
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Pois bem, amigo leitor, para enfrentar o eventual assédio ideológico, algumas iniciativas ganharam espaço no Congresso Nacional. Projetos de lei em tramitação defendem a inclusão da “neutralidade política, ideológica e religiosa” nas escolas. Consulta pública lançada pelo Senado Federal sobre projeto de lei relacionado ao programa “Escola Sem Partido” recebeu a opinião de mais de 300 mil pessoas. Segundo o próprio Senado, trata-se de um recorde: desde a criação da ferramenta online Consulta Pública, em 2013, nenhuma proposta recebeu tantas manifestações como a do Projeto de Lei 193, de autoria do senador Magno Malta (PR-ES), que inclui o programa na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Na verdade, não teríamos mais de 300 mil pessoas votando em uma consulta pública se esse debate não fosse real. As pessoas estão percebendo que algo está errado nas escolas. O alto interesse na discussão sobre o projeto indica que há preocupação na sociedade sobre o papel do professor.
A reação aos projetos de lei, agressiva e desproporcionada, indica que se tocou num ponto sensível. O discurso contra a Escola Sem Partido está na contramão da realidade. É a estratégia clássica de desqualificação da opinião alheia e de demonização o adversário.
O debate sobre a educação e o papel do professor na escola não pode ser interditado. A sociedade brasileira não quer ser manipulada. Quer conhecer a realidade e influir no seu destino. Não acredito, sinceramente, que as atuais distorções em sala de aula possam ser resolvidas com censura ou ilusórias medidas legais.
A chave está na família. Os pais devem ter um ativo protagonismo na educação dos seus filhos. É a família, e não o Estado, que tem o poder decisório a respeito da formação da juventude. Não tem sentido, por exemplo, que os pais sejam afastados da educação da sexualidade das suas crianças. É um abuso totalitário. E está ocorrendo. O Estado tutor não é bom formador. É sempre manipulador. É preciso lutar para que as associações de pais não sejam uma abstração, mas uma presença decisória nas escolas.
Fonte: “Gazeta do Povo”, 02/12/2018