Quase metade das empresas brasileiras devem diminuir o ritmo dos investimentos por causa dos desdobramentos da crise política. A conclusão é de uma sondagem elaborada pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), que ouviu mais de 4 mil empresários de quatro setores sobre o peso da turbulência causada após a delação da JBS vir à tona, no dia 17 de maio. O estudo mostrou que 43,9% dos entrevistados afirmam que os investimentos serão negativamente afetados pela crise política.
O setor mais afetado foi o de construção civil. De acordo com a sondagem, 56,2% dos empresários desse segmento afirmaram que os investimentos serão negativamente afetados pela crise. Na indústria de transformação, a fatia é de 34,7%, enquanto no setor de serviços — o mais importante da economia — o percentual é de 46,4%.
A pesquisa avaliou também o efeito das delações na disposição das empresas em contratar. Nesse caso, 36,1% afirmaram que a crise política afeta negativamente as decisões de contratações. Novamente, o setor de construção civil foi o que apresentou pior resultado, com 40,8% dos entrevistados prevendo uma diminuição no ritmo de admissões por causa da turbulência em Brasília.
Para Aloísio Campelo, superintendente de estatísticas públicas do Ibre/FGV, o dado deve ser observado com cautela, mas mostra que o efeito JBS já tem potencial de mexer com a economia real. Em junho, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) registrou queda de 2,1 pontos, chegando ao menor nível desde fevereiro.
— Essa queda foi expressiva o suficiente para alterar a tendência (do índice de confiança) e dá um sinal de que as expectativas estão mudando, mas para ter um impacto redutor no PIB tem que se estender por um tempo — afirma o economista.
Fonte: “O Globo”.
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