Fernanda Camargo, Sócia e CoFundadora da Wright Capital Gestão de Patrimônio, abriu sua empresa em 2014. A inspiração para essa iniciativa havia surgido quatro anos antes, como ela lembrou durante o painel “Como ESG, Negócios de impacto e filantropia andam juntos?”, mais um debate de alto nível do evento Melhores do ESG.
Empreendedorismo é fundamental para inclusão social
“Em 2010, conheci um investidor que queria criar um fundo para investir dinheiro no social, mas esse fundo precisava dar lucro – que seria reinvestido em ações para as comunidades. Foi quando conheci a filantropia de impacto”, relatou. “Quando você tem a consciência de que é possível ganhar dinheiro resolvendo grandes problemas sociais, você não consegue ignorar o outro lado do seu portfólio.”
A seu lado na tela estava Denis Mizne, Diretor Executivo da Fundação Lemann, que lembrou que esse caminho encontra um cenário favorável na medida em que as corporações estão mais dispostas a investir não só dinheiro, com também pessoas, em ações de impacto social.
“Para solucionar problemas estruturais não adianta colocar dinheiro, precisamos dos maiores talentos. Temos agora a oportunidade de aproveitar o interesse das empresas em ações de ESG para amplificar as ações”, ele lembrou.
Paulo Batista, CEO e Fundador da Alicerce Educação, concordou: “Se você tem a oportunidade de trabalhar para filantropia num ambiente ousado, com possibilidade de progressão de carreira, você tem a possibilidade de criar algo muito mais potente”.
Gargalos na educação
Para Batista, o brasileiro é adepto a ações de cunho social. “Parte do problema é falta de oferta de bons projetos. Existe uma propensão à filantropia no Brasil, e as pessoas aderiram na pandemia quando surgiram iniciativas organizadas”.
Por sua vez, Mizne lembrou que, por muito tempo, a filantropia teve uma visão “ao mesmo tempo ingênua e arrogante”. Empreendedores e pessoas ricas acreditavam que poderiam solucionar problemas complexos. “Eles pensavam que bastava colocar a mão no problema que ele se resolveria na hora. Mas, quando investem, descobrem que o desafio é muito mais difícil”.
É o caso da educação, um tema prioritário para a Fundação Lemann. “Enquanto a gente não garantir educação de qualidade para todo mundo, vamos ter um crescimento tão pífio quanto dos últimos 40 anos. Muda plano econômico, crises vêm e vão, e não estamos dando conta do que é mais importante”.
A responsabilidade pelo desenvolvimento do nosso país é nossa
O protagonismo individual
Para Batista, existe uma demanda por educação na sociedade. “No momento em que a filosofia de impacto colocar um propósito à frente de tudo, ela terá mais chance de sucesso do que o capitalismo antigo. E assim poderia oferecer a jovens de classe C uma educação equivalente à da elite. Essa é uma proposta poderosa”.
Fernanda Camargo concordou. “Como transformar passivo em ativo? Empoderando pessoas. Se tivermos pessoas mais fortes, teremos uma nação mais forte e nossos negócios serão melhores. Ignorar isso é loucura.” (Por Tiago Cordeiro, especial para EXAME)
Fonte: “Invest Exame”, 18/05/2021
Foto: Reprodução