O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri, afirmou que o gasto maior com saúde e educação pela nova classe média reflete a busca por mais qualidade nos serviços. “A verdade é que as escolas privadas são melhores que as escolas públicas, na média”, disse.
A classe média passou a consumir mais serviços que produtos. Era esperada essa inversão?
De fato, há uma redução, por exemplo, de itens alimentares com aumento na alimentação fora de casa, que embute serviço. Esse é um exemplo dessa transformação do orçamento em serviços. Uma outra tendência é o consumo de telefonia celular, serviços de internet, TV a cabo e internet banda larga. Essa é uma outra tendência que é esperada não só pelo aumento de renda, como pela própria mudança da sociedade para todos os níveis de renda. É uma sociedade mais de serviços. Só que o segmento é um grande saco de gatos. Há serviços mais básicos e serviços mais modernos, como esses de tecnologia da informação.
A nova classe média acaba gastando parte do seu ganho de renda com serviços essenciais, como saúde e educação. Como o senhor avalia isso?
As pessoas estão em busca de qualidade diferenciada. A verdade é que as escolas privadas são melhores que as escolas públicas, na média. Obviamente, há boas escolas públicas, assim como há escolas privadas de baixa qualidade. Mas, na média, existe uma busca por maior qualidade.
Não é negativo a nova classe média ter de gastar grande parte de sua renda com serviços essenciais?
O ideal, e esse é o objetivo, é que o Estado ofereça serviço de qualidade para todos. Mas é um processo em que você tem que chegar lá. Acho que na educação a gente está melhorando. Mas o nível ainda é baixo. E, na verdade, as pessoas não querem saber se a qualidade melhorou ou não. No fundo, elas têm aspiração mais alta agora. Acho que isto é até bom para as políticas públicas: você ter um consumidor de serviços públicos mais exigente.
Qual seria a nova aspiração da classe média?
Eu acho que essa classe média está valorizando mais o imposto que paga. Não só a renda que recebe, mas também o imposto que paga. Acho que essa é uma mudança importante, à medida que as pessoas sobem. Há tendência de maior ênfase na atenção com o volume de impostos pagos e na eficiência de gestão na aplicação desses recursos.
Fonte: O Globo.
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