A queda do Muro de Berlim marcou o fim do projeto político socialista que, sem escrúpulos, usou e abusou de um enganador discurso igualitário para dolosamente castrar a liberdade em favor de ambições totalitárias de poder. A fórmula era simples: igualdade na pobreza para o povo e nababesca riqueza para o rei e seus amigos. Aqueles que, porventura, se atrevessem a questionar o status quo eram tachados de inimigos de Estado e, não raro, pagaram com suas vidas pelo pecado de criticar o governo. Sim, a liberdade de expressão é um risco para a empulhação política. Aliás, por que será que tanto falam em regulamentar a mídia no Brasil?
Enquanto a resposta não chega, vamos adiante. Além de desmascarar a mentira socialista, a vitória da liberdade sobre a opressão inaugurou uma era de vazio ideológico. Sem cortinas, a utopia da esquerda ruiu e, por sua vez, a direita não conseguiu imprimir um discurso político legitimador. Não há dúvida de que a liberdade é fundamental, mas as pessoas também querem algo para acreditar. Cabe à política, portanto, o papel democrático de despertar sonhos possíveis, impor pautas realizáveis e mostrar que existe um caminho capaz de proporcionar uma vida melhor.
O caso brasileiro ilustra bem o vazio ideológico das democracias modernas. Com um insistente discurso de moralidade pública, demonização do lucro empresarial e proteção dos desafortunados, o PT chegou ao poder. No entanto, a prática política revelou que tudo não passava de um persuasivo discurso de pó, cujo final desembocou no famigerado processo do “mensalão”. A esperança, enfim, virou desilusão. O problema é que a oposição não consegue preencher a lacuna de representatividade democrática, na medida em que se mostrou extremamente inábil na tarefa de defender as virtudes políticas e econômicas do Plano Real. E, assim, o povo, atordoado e decepcionado, olha para os lados e simplesmente enxerga o nada.
Sem saber para onde ir, o povo foi às ruas. Os protestos sinalizam a fadiga de uma política que muito prometeu, mas pouco fez. A questão é, então, o que fazer? Bem, a partir da primazia da liberdade, cabe à política construir um modelo de Estado eficiente, que proporcione bens públicos aceitáveis (educação, saúde e segurança) e seja capaz de dar às pessoas condições de viverem integralmente suas potencialidades. Não se trata de dar um destino, mas apenas de proporcionar um começo. Chamo tal modelo de bem-estar individual, ou seja, uma política que foque na capacitação do indivíduo livre e que, ao invés de se servir do Estado, sirva à função pública pela grandeza moral de proporcionar melhorias coletivas. Será, todavia, que temos políticos e partidos para tanto?
Excelente !!!!
Ilustra bem a realidade brasileira.
Congrats