Para agência de rating, ambiente econômico difícil representa desafio para as empresas brasileiras pelo menos até 2015
O cenário macroeconômico desafiador do Brasil vai continuar a representar riscos para as empresas brasileiras pelo menos até meados de 2015, afirma a agência de classificação de risco Moody’s, no relatório “Qualidade do crédito corporativo no Brasil: exportações e real fraco impulsionam setor de carnes, mas açúcar/etanol e transportes terão defasagem”.
Segundo a agência, o real fraco vai continuar a beneficiar os exportadores de carnes de boi e aves, que serão bastante competitivos globalmente. “Os produtores de açúcar e etanol, porém, enfrentarão outro ano difícil em 2015, com menor disponibilidade de cana de açúcar, condições ruins de clima e preços menores do etanol”, afirma a Moody’s.
O relatório destaca ainda que a economia fraca do Brasil se traduzirá em desempenhos mornos para empresas de transporte e logística em 2014 e 2015. Apesar disso, o programa brasileiro plurianual de infraestrutura de US$ 246 bilhões vai beneficiar as maiores construtoras, pondera a Moody’s, enquanto as mineradoras e siderúrgicas deverão resistir aos preços mais baixos e à demanda mais enfraquecida.
“O ambiente macroeconômico do Brasil continua desafiador em 2014”, avalia Barbara Mattos, vice-presidente e analista sênior da Moody’s. “A economia apresenta dificuldades com o declínio gradual do consumo, desaceleração do investimento e deterioração da confiança do investidor. O consumo e a disponibilidade de crédito perderam fôlego, à medida que o endividamento das famílias e a inflação deixaram os consumidores menos inclinados a gastar.”
A Moody’s prevê que o produto interno bruto (PIB) do Brasil crescerá 1,3% em 2014 e 1,5% em 2015, depois de uma expansão de apenas 0,2% no primeiro trimestre ante o trimestre anterior. A agência lembra que a confiança do consumidor brasileiro em junho atingiu o menor nível em quase uma década.
Energia – Ainda na avaliação da Moody’s, pouca chuva e o clima quente elevaram o risco de racionamento de energia, em decorrência do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas e comprometimento da geração de energia elétrica. “Uma redução obrigatória eventual no consumo de energia elétrica reduziria a produção industrial e, portanto, as receitas, e os preços mais elevados de eletricidade aumentariam os custos e pressionariam as margens”, avalia a agência.
Segundo o relatório, porém, um racionamento pode ficar limitado às regiões mais afetadas pela seca no Brasil e as empresas com maior alcance geográfico podem implementar ajustes de forma apropriada. Além disso, as companhias com produção de energia superior ao seu consumo próprio – como empresas de celulose e açúcar e etanol – poderiam se beneficiar do racionamento, vendendo seu excesso de energia a preços mais altos, afirma a agência.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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