Ser homem ou mulher é uma construção metafísica, ou seja, faz parte da natureza do ser, da sua identidade.
Ser hétero ou homossexual é uma construção psico-epistemológica, faz parte do seu desenvolvimento cognitivo, é resultado da descoberta do próprio eu, da identidade existente apenas na própria mente, cujo acesso é restrito ao próprio ser.
Ser homem ou mulher, hétero ou homossexual, enrustido ou assumido é uma construção ética relacionada com a razão, a autoestima e o propósito da vida que cada um, respectivamente, usa, valoriza e determina, como melhor lhe aprouver.
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Querer impedir que os outros possam viver suas experiências, ou querer que os outros vivam experiências com as quais não querem se engajar, é uma construção política que quando envolve a irracionalidade, o medo, a soberba e, principalmente o governo, acaba em coerção.
Homens e mulheres, héteros e homossexuais, enrustidos e assumidos: todos têm o direito à vida, à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade como bem quiserem.
Nenhum desses direitos no entanto, autoriza quem quer que seja a proibir a criação de valores materiais, intelectuais e espirituais como numa relação afetiva, seja ela ocasional, como num namoro; ou duradoura, como num casamento; e também não permitem que quem quer que seja seja obrigado a participar de relações com as quais não concorda.
O direito de discriminar está intrinsecamente relacionado ao direito de livre associação. Um não vive sem o outro e ambos só podem ser exercidos de maneira individual.
Aceitar a natureza, a identidade, a essência e o propósito de cada indivíduo como sendo algo próprio do seu ser é uma construção que cabe a cada um de nós buscar. O mundo a nossa volta não se resume ao que gostaríamos que ele fosse, há outras visões, há outros paradigmas que podem, inclusive, contrariar nossas expectativas do que seria o nosso mundo ideal.
O que está comprovado é que não se constrói o mundo ideal através da coerção, seja ela através de iniciativas coletivas esporádicas ou de forma institucionalizada através do governo.
A felicidade de uma sociedade advém da construção individual dos valores que enriquecem essa sociedade, sendo que valores só fazem sentido se junto a eles vierem atreladas às questões: valor para quem e para o quê.
Ninguém pode almejar uma sociedade feliz quando impõe seus valores aos outros, por isso que uma sociedade para ser feliz deve ser uma sociedade onde a privacidade seja respeitada como a melhor forma de libertar cada indivíduo dos demais de forma que toda interação social se dê de forma livre, espontânea e voluntária.
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Cada um faz o que quer e quem não quer não precisa fazer. A tênue linha que separa o fazer porque quer e o não fazer porque não quer se chama liberdade e liberdade de agir ou não é o princípio e o fim da propriedade privada.
O objetivo do governo é usar a coerção para retaliar contra aqueles que querem violar os direitos individuais inalienáveis que todos temos, o direito à vida, à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade. Não é papel do governo prover aquilo que seus integrantes acham que nos deixará felizes.
O propósito do governo deve ser o de proteger a nossa privacidade, sem isso, a vida em liberdade é insustentável.
Fonte: “Instituto Liberal”, 09/09/2019