Uma startup usa rastreamento visual e dados comportamentais para operar um novo conceito de supermercado em São Francisco, nos Estados Unidos, que abriu suas portas no início de setembro, o Standard Market. O objetivo é permitir que os compradores façam suas compras e saiam do estabelecimento sem obstáculos, ou seja, sem passar por caixas. As compras são debitadas automaticamente do cartão de crédito.
São 27 câmeras espalhadas pelo teto que captam diversos dados sobre o comportamento de seus clientes. Para comprar, basta baixar o aplicativo da loja no seu smartphone, incluir o número do cartão de crédito, entrar na loja de 176 metros quadrados, pegar os itens desejados e sair. Não há qualquer barreira. As câmeras são programadas para identificar o comprador e os itens adquiridos.
A startup que criou a operação é a Standard Cognition, que levantou 11,2 milhões de dólares em capital de risco e formou parcerias com quatro redes de varejo em todo o mundo. O mercado de São Francisco é um protótipo para exibir a tecnologia, testá-la e aperfeiçoá-la. O objetivo é ambicioso: disponibilizar a tecnologia em nada menos que 100 lojas por dia até 2020.
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O Standard Market faz parte da corrida para automação do varejo, e as empresas estão investindo em câmeras, sensores e máquinas inteligentes para substituir os caixas. Em janeiro, a Amazon abriu seu primeiro mercado nesse formato em Seattle. Na China, os experimentos desse tipo são ainda mais comuns, usando tecnologias como tags de identificação por radiofrequência e processo de verificação de um código de leitura facial.
A abordagem da Standard Cognition é diferente, pois depende exclusivamente das câmeras do teto e do software de inteligência artificial para descobrir quem é você e o está comprando. As câmeras registram os movimentos dos compradores, a velocidade, o comprimento da passada e o olhar. A vantagem é coletar dados preciosos para o varejista – se o cliente olha para um anúncio e por quanto tempo, pegou algo por impulso e desistiu, por exemplo. E sabe também se o cliente está tentando roubar algo.
Nesse caso, a tecnologia precisa prever o furto, já que no Standard Market não há qualquer barreira para o ladrão fugir. Segundo os fundadores, a trajetória do cliente, o olhar e a velocidade são especialmente úteis para detectar o roubo. Eles sabem do que estão falando: cinco dos sete criadores vieram da Securities and Exchange Commission (SEC), agência federal norte-americana. Ali eles criaram um software de inteligência artificial para detectar fraudes e violações comerciais antes de dar início ao Standard Cognition em 2017. Uma vez que o sistema detecte um potencial comportamento de roubo, um atendente da loja será acionado e irá abordar o cliente.
Para conseguir programar o sistema inteligente, a Standard Cognition contratou 100 atores para simular compras por quatro horas. Fez ainda outro teste no Japão, onde trabalhou com uma cadeia de lojas de conveniência para coletar dados.
O objetivo final, segundo os criadores da tecnologia, não é substituir os trabalhadores, mas tirá-los do caixa e deixá-los livres para percorrer a loja, atendendo melhor os clientes.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”