Somente o uso racional dos recursos econômicos e uma política eficaz do Estado podem, conjuntamente, diminuir a injustiça. Partindo dessa linha de pensamento, o indiano Amartya Sen, ganhador do prêmio Nobel de economia, apresentou a palestra “Visão global do desenvolvimento humano e tendências contemporâneas de redução da pobreza”, no dia 26 de abril, como parte do “Ibmec Conference”, evento que conta com o apoio do Instituto Millenium.
De acordo com Amartya, é preciso encarar a questão da injustiça de forma mais global, não isolada, como se a injustiça cometida em determinada localidade não tivesse impacto em outros lugares. “Como disse Martin Luther King, em 1963, a injustiça em qualquer lugar é uma ameaça a justiça em todos os locais”.
Mas para promover a justiça é preciso partir de uma visão racional. “O que é exatamente um mundo de esperança?”, indagou. De acordo com ele, não há esperança que não seja baseada em uma racionalização sólida. “A remoção da injustiça depende da lógica. A teoria e a prática da justiça precisam andar de mãos dadas”, afirmou. De acordo com o prêmio Nobel, é preciso pensar na perspectiva de reduzir a injustiça, não em acabar com ela, pois seria impossível. “Se você busca a justiça total, há o risco de não conseguir fazer nada”, disse.
E na busca de soluções para garantir a justiça, a democracia e a liberdade de expressão são fundamentais. “Não há fome em um país com democracia funcional. Isso acontece pela garantia da liberdade de expressão, pois com liberdade, o governo precisa dar respostas, há a criação de um debate público”, disse. Segundo ele, a China avançou muito, mesmo sem democracia, por outro lado há um passivo, quando há algum problema milhões podem morrer naquele país, que, como ressaltou, é responsável por ¾ das execuções no mundo.
De acordo com Amartya, o Brasil era um mau exemplo para o mundo até poucos anos atrás, mas tem avançado no que tange à justiça global. Havia problemas em relação à economia de mercado, e o mercado é fundamental, pois garante recursos para o Estado. Para ele, o país também melhorou nas questões sociais, com expansão da educação, transferência de renda para os mais pobres e melhoria na saúde.
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O primeiro passo para melhorar as condições de vida do cidadão, isto em qualquer parte da Terra, é a escolha de bons governantes. Para acabar com a corrupção. É governar para servir ao povo, e não se servir do povo.