A disponibilidade abundante de recursos naturais sempre assegurou ao Brasil uma vantagem comparativa clássica na exportação de commodities. Exportamos, na verdade, terra, água e sol, em forma de produtos minerais e agrícolas. Temos matérias-primas essenciais à formação de cadeias produtivas industriais de amplo alcance, da agroindústria aos manufaturados, dos petroquímicos ao aço.
Mas começam aí as dificuldades das empresas brasileiras. Estão ameaçadas mesmo indústrias convencionais de baixo valor agregado: têxtil, de sapatos, de móveis, de brinquedos, de construção e outras mais que empregam mão de obra pouco qualificada. Isso porque as vantagens competitivas em uma economia moderna dependem, fundamentalmente, da qualidade das políticas públicas.
O regime fiscal, expansionista há décadas, trouxe uma trajetória de juros explosivos e câmbio sobrevalorizado. O manicômio tributário aumentou a taxa de mortalidade das pequenas e médias empresas. Excessivos encargos sociais e trabalhistas condenaram ao desemprego a mão de obra menos qualificada. A insuficiência de investimentos públicos e a regulamentação inadequada tornaram deficientes a infraestrutura e a logística, emperrando as cadeias produtivas. As fontes de capital de risco e a qualificação do capital humano são insatisfatórias para setores mais especializados.
“Aumentar a produtividade de uma economia a longo prazo deveria ser o principal objetivo da política econômica. Esforços do governo para estimular a demanda a curto prazo não garantem a prosperidade do país a longo prazo. A tentativa de criar empregos sem melhorar a produtividade não aumenta o padrão de vida dos trabalhadores e a competitividade das empresas”, adverte Michael Porter, especialista em estratégia competitiva.
Enquanto se perdem macroeconomistas puxando alavancas de política monetária, em meio à grande crise contemporânea, Porter atualiza a mensagem dos economistas clássicos: “Precisamos de instituições políticas efetivas, um regime fiscal sensato, um ambiente de negócios que estimule o empreendedorismo e a inovação. Investimentos na infraestrutura de transporte, comunicação, logística e informação. Mercados de capitais eficientes. E educação de qualidade em todos os níveis.”
O aumento da produtividade é que garante os aumentos de salário dos trabalhadores, a maior competitividade das empresas e a prosperidade de um país.
Fonte: O Globo
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