Com bastante atraso a Petrobras divulgou seu Plano de Investimento para o período 2010-2014. Como já era esperado, o valor de US$ 224 bilhões para o período é recorde, suplantando os US$ 174 bilhões do Plano 2009-2013.
Tanto o atual plano de investimentos quanto o anterior trazem um grande viés político e pouca relação com os acontecimentos de mercado.
É bom lembrar que o plano 2009-2013 foi anunciado em plena crise com o barril caindo de US$ 150 para US$ 40 e com isso todas as petroleiras reduziram seus planos de investimento, com a exceção da Petrobras.
No cenário político o presidente Lula anunciava que a crise era uma “marolinha” e para mostrar que nada mudaria no país, a Petrobras apresentou plano de investimentos sem qualquer relação com o que estava acontecendo no mercado.
Agora no plano 2010-2014 os números mostram que o viés político e a pouca relação com o mercado permanecem.
Vamos aos números. A produção de petróleo nos dois mandatos do presidente Lula cresceu 5%.
Nos últimos cinco anos (2005-2009) cresceu 3,3%. Para os próximos cinco anos (2010-2014) a previsão contida no plano é de 9,4%. Haja otimismo.
A captação de recursos no plano anterior era de US$ 23 bilhões, agora passa para US$ 58 bilhões. Isso num cenário econômico de crise na Europa e sem ninguém ter certeza se a economia americana já se recuperou.
Um dado que, também, mostra o viés político desse plano de investimento é o crescimento da participação dos investimentos no segmento de abastecimento em detrimento do exploração/produção.
No plano anterior o segmento de abastecimento ficava com 23% do total dos investimentos e o exploração/produção com 60%.
No novo plano, o abastecimento aumenta a sua participação para 33% enquanto o de exploração/produção reduz para 53%.
Ora, todos nós sabemos que o grande negócio da Petrobras para os próximos anos será transformar as reservas do pré-sal em produção.
Então por que esse crescimento dos investimentos no segmento de abastecimento?
A explicação está na construção das refinarias do Rio Grande do Norte, Pernambuco e o Comperj no Rio de Janeiro, que foi transformado numa refinaria. A explicação para o abandono de um projeto mais rentável, em favor da construção de refinarias está diretamente ligado em atender pedidos políticos.
A construção da refinaria do Maranhão é o grande exemplo em como agradar políticos. Aliás, o próprio presidente Lula afirmou que os técnicos da Petrobras não queriam a construção da refinaria.
Por último chama a atenção que o derramamento de petróleo no Golfo também não afetou o plano. É curioso ver o Brasil apostar na energia do século XX como o principal motor para o seu desenvolvimento no século XXI.
Ao transformar a Petrobras em campeã nacional se esquece dos riscos ambientais envolvidos no pré-sal.
O critério político prevaleceu como de costume. Na frente, após as eleições, a Petrobras será obrigada a rever esse volume de investimento.
Fonte: Jornal “Brasil Econômico” – 24/06/10
A produção de Petróleo irá aumentar, conforme cita a coluna, portanto pode-se exportar o petróleo ( como fazem os paises do oriente médio, Venezuela e outros produtores), ou refinar e exportar derivados( gerando empregos, renda e tecnologia no Brasil). A opção de refinar e exportar derivados acreditor ser melhor para o Brasil.