O grande problema da rede pública de ensino, o maior de todos, é a impossibilidade de ser administrada, em face do gigantismo, do viés militante do professorado e do aparelhamento, pelas lideranças sindicais, das greves para fins políticos.
Na semana passada, a imprensa noticiou que o sindicato dos professores do estado de São Paulo marcou greve reivindicando elevado percentual de aumento de salários e uma pauta política, pedido a retirada de dois projetos de lei de iniciativa do Executivo, que modificam a forma de contratação de professores temporários. O pano de fundo do movimento grevista, todavia, são as eleições do ano que vem. O sindicato não está alinhado com o governo paulista e faz o jogo da oposição.
Veja, caro leitor, são 215 mil professores. Como administrar uma massa desse tamanho? Inviável. Todos os anos vemos as pautas de reivindicações e as “conquistas” da classe, sempre em prejuízo dos contribuintes e das necessidades pedagógicas dos alunos, em processo cumulativo, que alarga ganhos e reduz a jornada de trabalho, permitindo o absenteísmo remunerado. O Estado de São Paulo tem graves deficiências de preparação dos alunos e digo sem medo de errar que tais deficiências são provocadas por duas causas.
Em primeiro lugar, pelo descompromisso acadêmico do professorado, que fez da profissão de professor público um enorme cabide, à espera de completar o tempo de aposentadoria. O segundo ponto é o despreparo evidente de boa parte dos integrantes do quadro. Desconfio que, se os professores das cadeiras específicas se submetessem às provas das respectivas disciplinas nos vestibulares, teríamos uma surpresa vexaminosa. Ao lado de uma minoria excelente teríamos uma larga maioria despreparada para o exercício do seu mister, que não deveria ser professora.
E aqui está a questão central do burocrata tornado professor: não existe janela de saída, nenhum turnover. A pessoa que está professora, sem vocação e desmotivada, não sai e o patrão, o Estado, se recusa a demitir, mesmo diante das graves deficiências de desempenho. A vítima, além do contribuinte que paga, é o jovem estudante, prejudicado no seu direito elementar de obter a formação adequada.
Além do mais, o processo de ensino está objetivando a formação de militantes políticos e não de líderes empreendedores. A cada geração se multiplica o espírito de funcionário público. Os métodos de ensino e a perspectiva adotada pelo grosso dos burocratas professores visam a perpetuação da formação de novos burocratas, numa espiral sem fim.
A receita para esses problemas todos é uma só: a privatização das escolas, a celetização do professorado. O enorme patrimônio de edificações e apetrechos escolares poderia perfeitamente ser leiloado e os bons professores aproveitados. Os maus deveriam ou ser demitidos ou aposentados ex officio. Teríamos uma grande revolução pedagógica se algo assim fosse tentado.
Aos alunos carentes, supostamente toda massa hoje matriculada na rede pública, o Estado asseguraria matricula pagando a mensalidade. Depois do período de transição seria possível até mesmo se pensar em um processo em que o benefício da escola paga pelo poder público estaria vinculado ao desempenho acadêmico, o que daria uma injeção de ânimo instantânea no desejo de aprender do aluno. Outra revolução aconteceria de forma imediata.
Eu sei que tocar nesse tema é polêmico e contraria o senso comum. Mas sei também que a situação, como está, não pode ser mantida. Algo precisa ser feito. Enquanto isso não vem, os sindicalistas, populistas e politicamente teleguiados, fazem da questão essencial da educação elemento de barganha espúria, em prejuízo de toda a sociedade.
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