Com este título, o megainvestidor John Paulson, que fez enorme fortuna acertando na quebra dos mercados em 2008, postou artigo no “Financial Times” de quinta-feira (15/12) alertando que a situação da rolagem de dívidas de países europeus está por um fio.
As dívidas chamadas “soberanas” de Itália e Espanha a serem roladas nos próximos 12 meses chegam perto de € 1 trilhão.
E estão pagando quase 7% de juros no momento, algo considerado insustentável na projeção do ajuste fiscal desses países (observar, no entanto, que o Brasil pagou spreads superiores a esses juros durante anos ao mercado externo de capitais).
Além disso, as atuais facilidades e fundos, como o Fundo de Estabilização Financeira Europeu não demonstram ter musculatura suficiente para realizar a tarefa.
Paulson propõe como solução para evitar uma crise de pânico, de aspecto semelhante à do Lehman Bros, a constituição de um fundo de garantia de liquidez no Banco Central Europeu, único capaz de tirar a pressão de cima da rolagem dos papéis de dívida soberanos.
Seria um fundo que ofereceria garantia de pagamento de dívidas de até 10 anos de prazo ao custo de um prêmio de 1% ao ano, dando tempo aos países para implantar e rodar seus programas de ajuste fiscal.
A avaliação de Paulson é que as taxas pagas por Espanha e Itália recuariam dos atuais 7% para 4%. Seria o suficiente para estabilizar os mercados, hoje à beira de um ataque de nervos, após o evidente fracasso da reunião dos chefes da União Européia na semana passada.
Deve ficar claro que uma proposta desse tipo, engenhosa e criativa, pois evitaria compras diretas de dívidas pelo BCE e risco de pressões inflacionárias, no entanto se restringiria a aliviar as dúvidas do mercado sobre a capacidade de pagamento desses países. Paulson se apóia no pressuposto que Espanha e Itália enfrentam só problemas de liquidez mas permanecem solventes.
Com mais tempo, ambos têm como saldar seus compromissos. Isso é até provável. Mas o que dizer dos demais países da região, como Portugal, Grécia, Irlanda, que necessitam de um recorre no principal de suas dívidas soberanas?
Paulson não se refere a como tratar essas dívidas… Nossa opinião aqui diverge para apontar que a questão europeia é sobretudo política, ao envolver países em estágios distintos de deterioração financeira.
Mesmo com alívio nas dívidas soberanas, seria necessário implantar um eficiente programa de recapitalização de muitos bancos da região. Um bom número deles está pendurado na corda bamba de carteiras de empréstimos cuja recuperação, neste momento, é mais do que duvidosa.
A conclusão inevitável é esta: boas ideias de como estabilizar a crise europeia existem em várias cabeças brilhantes, mas a distribuição dos custos sociais do ajuste não puderam ser negociadas seriamente pelos líderes, motivo pelo qual apenas a visão da forca dará aos condenados uma clara visão do que lhes resta fazer.
Fonte: Brasil Econômico, 19/12/2011
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