Na reta final da corrida eleitoral, quando os candidatos a gerir uma nação de 200 milhões deveriam estar refinando e detalhando suas propostas para o país, assistimos ao “tirar o corpo fora” por parte das candidaturas que têm mais chance de vitória num segundo turno. Marina acaba de refutar, em São Paulo, que apresentaria sua suposta mudança tributária. E que, ademais, desconhecia se o saudoso Eduardo Campos teria prometido tal coisa para já. Campos era um estadista. Uma de suas ações mais contundentes, muito antes de deixar a base de apoio a Dilma e ao PT, ou de se lançar candidato, foi ser o segundo governador do Brasil a apoiar oficialmente o Movimento Brasil Eficiente (MBE) e encampar as propostas apartidárias do MBE, em favor uma radical simplificação do manicômio tributário e em favor de um Conselho de Gestão Fiscal, que Campos apelidou de Conselho de Responsabilidade Fiscal em sua derradeira entrevista ao “Jornal Nacional”. Eduardo queria, com certeza, chamar a atenção para o fato de o conselho ser uma determinação já contida no artigo 67 da Lei de Responsabilidade.
Quando candidatos ou candidatas desinformados se recusam a enxergar o avanço urgente, começam pelas negativas. É a campanha ao revés; em vez de propostas, planos e metas detalhados, ouvimos desconversas, esquivas e, por fim, negativas. A presidente Dilma também passou quatro anos prometendo uma reforma tributária “fatiada”. Não chegou a definir o que seria esse amor aos pedaços. Se questionada, haveria de contestar, afirmando que acaba de lançar o Supersimples, que estendeu a simplificação a mais categorias, pensando, talvez sinceramente, haver concretizado uma reforma real do conjunto de impostos mais maluco na face da terra, que custa a uma empresa padrão dez vezes mais tempo apenas para cumprir as obrigações ensejadas pela papelada fiscal, do que a exigida, em média, por outros cem países do mundo. Bastaria Dilma ver no dicionário a definição de “simples” para descobrir que o contrário é “complicado”. E que a grande maioria dos empresários ainda é obrigada a viver no complicado, no enlouquecido, torcendo para alguém salvá-los com a exceção à regra, que deveria ser o simples … para todos. Que país!
Somos mesmo diferentes. Votamos em quem não fará. Deixamos nosso voto resvalar para o buraco da esperança, onde falta luz, pois nessas candidaturas — diga-se, tampouco na de Aécio — não há explicação detalhada para quase nada. Leiam os programas e tentem descobrir:
1- Qual a taxa de crescimento do PIB projetada pelo candidato;
2- Qual a meta para os alunos brasileiros no próximo teste internacional Pisa;
3- Qual a meta para o número de cidadãos a terem um fundo de pensão, complementar ao INSS, dentro de cinco ou dez anos.
São — ou seriam — três metas fundamentais, para se gerar mais renda, com mais produção nacional e avanço de produtividade. Teríamos, assim, compartilhamento efetivo da riqueza, hoje tão concentrada em poucas mãos. Não falo de renda, falo de patrimônio, livre de dívidas. Quem tiver ouvido falar nesses temas, por favor, nos avisem, aos 250 mil brasileiros que já assinaram seu apoio aos anteprojetos de lei do MBE, para simplificar o país e controlar melhor a gastança e a corrupção que vem junto. Entregamos tais propostas aos candidatos e suas assessorias. A sociedade tem feito sua parte. Julguemos, agora, os candidatos pelas verdadeiras intenções, deles e delas.
Fonte: O Globo, 20/9/2014
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