E se de repente os players do mundo financeiro, desde os bancos incumbentes até as fintechs, passassem a estar em mais igualdade de condições de competição na criação de novos produtos e soluções?
Com início da segunda fase do open banking, os bancos participantes, com o consentimento dos clientes, poderão trocar dados de cadastros e transações dos usuários entre eles, como operações de crédito, empréstimos e financiamentos.
É o fim da exclusividade destas instituições com os seus correntistas e o início de uma nova jornada. Com os dados mais acessíveis, quem entender e atender melhor as necessidades dos clientes, criando produtos customizados e inovadores, sairá na frente. Nós, clientes, teremos mais liberdade para entregar os nossos dados para quem puder nos oferecer a melhor oferta.
Estamos caminhando a passos largos para uma mudança drástica da forma de nos relacionarmos com os bancos – um dos setores tradicionais da economia que mais está sendo transformado. Nos primeiro semestre de 2020, o número de usuários de aplicativos ou produtos habilitados pelo open banking no Reino Unido dobrou de 1 milhão para 2 milhões e cresceu para mais de 3 milhões em fevereiro de 2021, aponta a consultoria McKinsey.
Nos EUA, quase um em cada dois consumidores usam uma solução de fintech. No Brasil, as startups do setor financeiro foram as que levantaram a maior fatia de investimentos neste ano, somando US$ 2,6 bilhões, segundo dados do Inside Venture Capital Report, da Distrito.
É um cenário que representa uma grande pressão para essas instituições que, historicamente, sempre estiveram em uma posição confortável e que, de repente, estão diante do desafio de acelerar a digitalização. Não é fácil para uma companhia mudar enquanto ainda está alcançando altos volumes de faturamento e dominando o mercado. Porém, é preciso compreender que a mentalidade e o modelo de negócios que a trouxe até aqui não serão necessariamente os mesmos que a conduzirá ao futuro.
Você sabe o que é cultura maker?
Os números estão aí para provar essa mudança. Os bancos com foco digital têm se beneficiado em avaliações de mercado que, em média, eram 18% maiores do que seus pares menos digitalizados em 2019 e 27% maiores em 2020, aponta estudo da Accenture.
O open banking está começando a decolar no Brasil, e ao longo dos anos conseguiremos avaliar melhor os seus efeitos. Mas, quando falamos em modelos da nova economia, não há dúvidas do caminho a ser seguido: as empresas precisam ser cada vez mais digitais, centradas no consumidor e rápidas ao incorporar as novas tecnologias.
*Por Camila Farani – O Estado de S. Paulo. É investidora-anjo e presidente da Boutique de Investimento G2 Capital
Fonte: “Estadão Link”, 18/08/2021
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