O economista francês, Jean Baptiste Say, em fins do século dezoito, difundiu a teoria de que a moeda não tem valor, se não for fundada na produção dos bens e serviços, resumida na sua célebre frase: “é a oferta que gera a demanda”. A teoria de Say mostra que o valor da moeda nasce com a produção, de tal modo que a quantidade equivalente dela para se comprar um trator, nasce com a fabricação desse trator.
Mas coube a Ludwig von Mises aprofundar o assunto no seu livro, “A Teoria da Moeda e do Crédito”. Nessa obra, Mises não só confirma a teoria de Say, como vai mais longe, ensinando, passo a passo, o porquê de a moeda não ter valia, se não for sustentada na produção dos bens e serviços.
Nessa proposição, conhecida como “Teorema da Regressão”, Mises diz que: “um objeto não pode ser usado como moeda, a menos que, no momento em que o seu uso como dinheiro começar, ele já possua um valor de troca objetivo, baseado em algum outro uso” (p. 131). Sua explicação parte do escambo, processo usado no passado, em que as trocas eram feitas sem o uso de moeda. Nelas os indivíduos entregavam bens ou serviços que tinham de sobra, e recebiam em troca bens e serviços que precisassem.
Por outro lado, sem o vínculo em um bem real, qualquer moeda que surgir não terá sustentabilidade. Esse é o caso do Bitcoin, moeda digital criada pelo japonês Dorian Satoshi Nakamoto, residente nos EUA. Ainda que ele negue a autoria, a revista “Newsweek” confirma a informação, respondendo que tem mais de 80 anos de credibilidade e não colocaria isso em jogo.
Talvez a negação Nakamoto se deva ao fato de que o Bitcoin vem sendo acusado, ora de se assemelhar às famigeradas pirâmides financeiras, ora de ser uma fraude, e que acabará eventualmente explodindo. E o risco de essas predições ocorrerem é alto, devido à falta de fundamentação monetária desse papel virtual, conforme se mostra acima.
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