Ao longo da história, os investimentos bilaterais entre Portugal e Brasil sempre foram motivo de estudos e debates. Nas últimas décadas este sonho tem se tornado realidade, com a emergência dos investimentos bilaterais, e neste caso, em especial, dos investimentos das empresas brasileiras em Portugal. Cabe agora um aprofundamento, o qual será realizado nos próximos dois anos, em pontos que ainda não foram abrangidos, sobre a sua evolução nestes últimos anos, bem como outros aspectos complementares e mais abrangentes em relação ao estudo anterior. Neste artigo, coloca-se alguns factores determinantes que fizeram, fazem e poderão fazer que os investimentos das multinacionais brasileiras se potencializem ainda mais. Alguns deles, são:
– Dimensão do mercado interno: mesmo com a economia estagnada já há alguns anos, o mercado interno português é bastante relevante. Com um PIB per capita de U$ 20178,00 em 2012 (FMI), Portugal é um mercado real e potencial para muitas empresas brasileiras.
– Base para mercado mais alargado, como a UE: sendo um Estado-membro da União Europeia, e tendo que obedecer às regras comuns que este facto lhe impõe, Portugal é visto por muitas empresas brasileiras como um país estratégico para o aprofundamento dos investimentos na União Europeia. Acrescenta-se a isso o profundo vínculo cultural advindo da intensiva imigração europeia para o Brasil, a partir do século XIX, e as suas relações comerciais, também de longa data, e detectar-se-á facilmente a importância deste bloco para as relações económicas externas brasileiras, nomeadamente os investimentos.
– Possibilidade de maior intercâmbio de aprendizagem e maior facilidade de gestão – língua comum e relações culturais intensas: no ambiente empresarial, um dos maiores desafios para o investimento no exterior é a organização empresarial, ou seja, factores relacionados à gestão. Uma vantagem que algumas empresas brasileiras visualizam em Portugal, natural em qualquer investimento bilateral onde os dois países falam a mesma língua, é a maior facilidade tanto para a comunicação entre as pessoas quanto para a troca de experiências e tecnologia.
– Importância da integração em redes mundiais: o fenômeno da integração e globalização abriu as fronteiras dos países. Para muitos sectores da economia, isto representou a diminuição de barreiras proteccionistas, tarifárias ou não. Assim, as empresas necessitaram reorganizar o seu negócio através de medidas como a internacionalização das suas actividades, seja para ganhar escala, seja para aperfeiçoar seus produtos ou serviços. Na actualidade, há empresas brasileiras de ponta de todos os portes, dentro do contexto do seu negócio, integradas às redes mundiais, nos mais variados campos de actividade, sendo Portugal um centro para algumas delas no contexto europeu, e podendo ser para outras, como mostra o actual plano de privatizações do governo português, a gerar assim valor acrescentado para a economia.
– O relacionamento sócio-político-cultural entre o Brasil e Portugal favorece o investimento: em conjunto com os factores colocados acima, o relacionamento de raiz entre os dois países influenciou a escolha de Portugal para investir por parte das empresas brasileiras, através de uma diplomacia bilateral do mais alto nível, a qual influenciou decisivamente, tanto a grande leva dos investimentos portugueses no Brasil nos anos 90, como das empresas brasileiras em Portugal fundamentalmente a partir dos anos 2000.
Estes são alguns factores de base para o prosseguimento dos investimentos brasileiros em Portugal e novos enfoques e paradigmas surgirão através desta nova actualização. A grande meta é colocar a economia mais ao serviço das pessoas, e Brasil e Portugal podem auxiliar decisivamente neste intento.
O ser humano já fez tantas descobertas, tantos inventos. Olhemos para a diversidade de produtos e serviços ao nosso dispor, da beleza ligada à arte e à arquitetura. O que não poderá fazer uma organização social na qual as pessoas possam usufruir de tudo o que necessitam para crescerem e serem felizes de forma saudável? Claro que pode e este é o trabalho atual. Capital humano e tecnológico, bem como os recursos, quando bem utilizados, não faltam. Através do espírito de fraternidade, de todos trabalharem para o bem comum e do bem comum reverter sobre todos.
Este precisa ser o paradigma emergente, mesmo com incompreensões naturais, que irá alicerçar a sociedade mais humana e inteligente, com a competição que tem na sua base a cooperação, benéfica porque os “perdedores” serão integrados em postos nos quais poderão dar mais frutos para si e a sociedade; e os “ganhadores” serão mais conscientes da sua integração para com o todo, porque eles naturalmente fazem parte deste todo, o qual o auxiliou a “ganhar” sob várias formas e trabalhos nos mais diversos ramos, e assim a organização social se fortalece tanto individualmente como um membro geracional. Este é o verdadeiro sonho do povo luso-brasileiro.
Fonte: Portugal Digital
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