Um estudo realizado em 2016 pelo Instituto Data Popular, encomendado pela Endeavor e o Sebrae, apontou que o empreendedorismo é pouco estimulado nas universidades brasileiras, com apenas 35% de estudantes satisfeitos com a infraestrutura oferecida pelas instituições. Nivio Ziviani, professor emérito do departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fundador da Kunumi, plataforma de inteligência artificial, conhece de perto esse cenário. Embora o setor privado tenha consciência acerca da importância da tecnologia para competir no mercado, no setor público não há uma visão definida de como a inovação pode contribuir para o desenvolvimento: “Não é claro para os dirigentes brasileiros o potencial da universidade brasileira na criação de riqueza. Apesar de a produção científica brasileira ter crescido muito nos últimos 20 anos, ela não gera PIB na proporção que deveria”.
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Ziviani enumera uma série de problemas que dificultam a geração de empreendimentos inovadores nas universidades, dentre eles os aspectos legais, a insegurança jurídica, os encargos trabalhistas e a baixa qualidade da educação. Além disso, com a crise econômica, os cortes de gastos prejudicaram principalmente as áreas de ciência e tecnologia, que, de acordo com ele, deveriam ser prioritárias. “Ciência e tecnologia são centrais para um país. Cortar investimento em ciência, tecnologia e inovação é de uma estupidez genuína, muita brasileira mesmo”.
O professor também critica a falta de transparência no que diz respeito à regulamentação da participação de professores como acionistas em empresas recém-criadas em universidades, que utilizam tecnologias desenvolvidas em conjunto com os docentes. “A participação do professor aumenta enormemente a chance de sucesso da startup crescer. Isso deveria ser incentivado e já ocorre nos EUA desde os anos 1980.”. E complementa: “Tem muitas universidades no Brasil que geram conhecimento de ponta no mundo que poderiam estar gerando empreendimentos inovadores.”
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