A capacidade de crescimento da CEG, distribuidora de gás canalizado no Estado do Rio, está limitada a 5% até 2020. Bruno Armbrust, presidente da empresa, diz que política de preço inibe investimentos.
Qual é a capacidade de crescimento de oferta de gás da CEG?
Temos três concessões. Ceg, Ceg Rio e a São Paulo Sul (cidades do interior). Tenho contrato de fornecimento de gás com cada uma das distribuidoras e acordo global entre elas, que me permite remanejar o gás. Estou com consumo médio por dia de 8,5 milhões de metros cúbicos. Até 2019, tenho crescimento da ordem de 5% de oferta, que vai até 10 milhões de metros cúbicos/dia. Tenho 1,5 milhão para crescer. Esse é o volume de gás firme. Esses contratos vão até 2019. A Petrobras, por estratégia, fez coincidir a finalização dos contratos de gás nacional, pois é o ano que finaliza os contratos com o gás da Bolívia.
A política de preços dificulta a atração de novas indústrias?
O preço do gás da Bolivia está na ordem de US$ 10,50 por milhão de BTU. E o preço do gás nacional, sem desconto, é de US$ 13,50. E, com desconto, é da ordem de US$ 8,50. Essa é uma preocupação do setor, que em algum momento a Petrobras possa começar a fazer, embora não tenha sinalizado, redução progressiva no desconto. Tive um caso de uma indústria que queria investir num projeto de cogeração. E a dificuldade era essa. Como ela ia calcular a taxa de retorno de investimento sem saber que competitividade teria? Ela não sabia quanto tempo o preço iria continuar. A preocupação do setor que compra gás nacional é a questão do preço do longo prazo. Não ter uma garantia de que esse preço vai continuar até 2019 inviabiliza alguns investimentos.
Essa é a maior preocupação?
A maior preocupação é preço. Se já existe preocupação grande da indústria que está instalada e consumindo, (há) preocupação maior no sentido de fechar a atração de uma nova indústria.
Com o aumento de produção de óleo e gás para os próximos anos, é preciso criar mercado consumidor?
Não dá para ter um choque de oferta e não ter gasoduto e não ter indústria para consumir. Tem que ser um plano integrado. A Petrobras teria que planejar a expansão da malha de dutos e indicar para as distribuidoras: “vou ter excedente de gás e a minha política no longo prazo é esta”. O setor industrial está ultradependente do que acontecerá com as térmicas. Não tem política futura pós-2019 para o mercado convencional.
Já há conversas com a Petrobras para negociar preços após 2019?
Não. A tendência é a Petrobras esperar fechar a negociação com a Bolívia e fazer uma política única de preços para o gás nacional. Hoje, o Rio é beneficiado com o preço menor. Causa uma pertubação ter num estado um preço 35% menor. A tendência da Petrobras de 2020 em diante seria, depois de negociado o contrato com a Bolívia, ter preço único para as distribuidoras.
O Rio pode atender uma indústria de grande porte?
Para indústrias grandes e médias, tenho condição de crescer. Se pegar uma grande siderúrgica e uma petroquímica, 1,1 milhão (volume disponível pela empresa) pode não ser suficiente. Não tenho uma situação concreta que me levasse à Petrobras para pedir mais gás. Mas se fosse solicitar um volume acima do contratado, ela iria oferecer preço de gás de GNL, que está na faixa de US$ 14 por milhão de BTU. E seria um preço alto.
Mas isso já aconteceu?
Outras distribuidoras já procuraram a Petrobras para volumes adicionais aos contratos atuais e a princípio, por enquanto, nesse momento é (preço) por GNL. Acho que a política mais para frente vai depender do que a Petrobras conseguir negociar com a Bolívia e da produção nacional. Então, nos próximos dois anos, ela vai ter que falar qual é o volume disponível.
A Petrobras sinaliza quando vai retirar os descontos?
A princípio, pode retirar no mês seguinte. Não tenho visto no curto prazo um movimento de retirada do desconto.
Já está se pensando na ampliação da infraestrutura para aumentar o fornecimento de gás no mercado?
Entre 2013/2017, vamos investir R$ 1,6 bilhão, cerca de 25% a mais.
Fonte: O Globo
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