É possível que a frase do filósofo Edmund Burke, “Para o triunfo do mal, basta que os bons não façam nada”, nunca tenha servido tão bem para definir uma situação como a atual realidade da política brasileira. E a leitura do livro “Pombas e gaviões” (168 páginas, Editora AGE) do jornalista e escritor Percival Puggina, reforça ainda mais essa impressão.
De saída, o autor reconhece que há motivos de sobra para não se gostar de política. Mas explica que é necessário às pessoas esclarecidas e honestas tomar ciência do que se passa nela, inclusive dela participando de forma consciente e destemida. E apresenta ao longo de “Pomba e gaviões” as razões para isto, utilizando-se de temas que pontilharam mais de uma centena de artigos de sua autoria publicados na mídia impressa e na internet nos últimos anos. Ressalte-se que o conteúdo do livro não é mera compilação deste material, mas sim um desenvolvimento atualizado dos temas, apresentados numa escrita ágil e de fácil compreensão aos leitores.
Questões como segurança pública, direito de propriedade, direito natural, aborto, educação, economia, religião, cultura e família são abordadas pelo autor, que explica como ao longo dos anos esses assuntos sofreram uma agressiva influência de valores materialistas e coletivistas, resultando em degradação moral e comportamental, em grande parte consequência de décadas de uma educação permeada de relativismo moral e socialismo radical, misturada a uma enorme indiferença e crescente tolerância, comprometendo toda a sociedade.
E é justamente na política que a falta de interesse e a excessiva tolerância da maioria da população brasileira, que há anos contribuem para o avanço de agendas contrárias aos desejos da maioria da opinião pública, acabaram provocando os efeitos mais perniciosos, como demonstram os escândalos que se acumulam e o discurso único em defesa de mais socialismo populista e intervenção estatal, quando é evidente que tais fórmulas não funcionam. Enfim, tudo contribuindo para a degradação completa dos costumes políticos. Mas, alerta o autor, para além desses problemas, é necessário encarar um fato fundamental: que o assentamento do sistema político brasileiro sobre o Presidencialismo e um federalismo de fachada, condena o país a cair num círculo vicioso de erros e fracassos que se auto-alimentam.
Entre os principais méritos do livro estão não apenas o de elencar de maneira clara e até didática os problemas político-sociais que afligem o país, mas também o de propor saídas e alternativas para tentar enfrentar os desafios, que são muito sérios, mas não insolúveis.
No momento em que a política nacional parece se aproximar de um ponto limite, às vésperas de uma eleição onde somente candidatos socialistas disputam o cargo de Presidente da República, e que pode consagrar como vitorioso um método de fazer política que há décadas impede o Brasil de progredir verdadeiramente, o livro de Percival Puggina é muito bem-vindo e leitura obrigatória.
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