Começou a campanha eleitoral e com ela o acesso gratuito ao rádio e à televisão pelos partidos e seus candidatos e o fato me traz algumas lembranças. Foi fator de progresso do processo eleitoral desde sua adoção. Existia o instrumento, mas era inacessível a uns e outros, dado seu custo e a pobreza habitual dos partidos, pois ainda não se descobrira o “mensalão”. Só a lei poderia impor aos concessionários o ônus de sujeitarem-se ao uso gratuito dos serviços concedidos, de rádio e de televisão, exatamente por serem serviços concedidos e concedidos porque estatais. Em regra, os partidos são pobres e, a propósito, me lembro do saudoso Assis Brasil. Ele tinha o gosto de empregar palavras ou fundir sentenças para fixar diretrizes, “representação e justiça”, “educação e riqueza”; em duas palavras dizia tudo. Referindo-se ao partido que fundara, acrescentava “caixa ou caixão”, ou caixa provida ou caixão para sepultar o extinto; e quanto à contribuição dos correligionários “pouco de muitos e não muito de poucos”, de modo a generalizar o contributo dos partidários, repartindo-o no maior número deles, assim tornando menos pesada a quota pessoal.
Voltando ao assunto, os resultados da utilização do rádio e precipuamente da televisão para fins eleitorais foram positivos como se esperava, quando bem empregados. Tão bons, que, depois da eleição de 1974, o governo que podia tudo levou um susto e mudou a lei para reduzir a televisão ao que se chamou de “cinema mudo”, em que apareciam o retrato e o nome dos candidatos, sem falar na figura do “biônico” imposta quando do tristemente famoso “pacote de abril”, graças ao qual, um dos senadores tinha o resultado da sua indicação antes da eleição… Belezas do regime totalitário. Contudo, nem isso salvou o que fora o cognominado “maior partido do Ocidente”. Até de nome teve de trocar, e o poder desmantelou o incipiente sistema partidário, sem excluir aquela celebridade.
Por que estou a lembrar coisas passadas, que não deixaram saudades? Por uma razão simples e preocupante. As poucas exibições ocorridas, em regra, caracterizaram-se por uma inegável mesmice e por flagrante marquetagem, perdoe-me o leitor o feio neologismo; mutatis mutandis, feitas as devidas ressalvas, a amostra fez lembrar o “cinema mudo” de outrora; outras vezes as pessoas pareciam inanimadas, a propaganda levava a induzir se tratasse de coisas, dentifrício, sabonete, lingerie… ou coisa parecida.
Não ignoro ser difícil aos dirigentes partidários distribuir o tempo reservado a cada partido, igualitariamente, entre os candidatos, e também sei que, ocorre suceder, cada candidato supõe que tem uma palavra milagrosa para não só assegurar sua eleição como garantir a vitória da sua legenda.
Faço essas observações inspirado nas melhores intenções, para que possam contribuir para tempestivas correções de rumos. Inclino-me a pensar não esteja em erro na minha primeira impressão. Basta dizer que um espírito lúcido chegou a comentar que, para enfrentar a prevalência da marquetagem, não se devia recorrer ao Código Eleitoral, mas ao Código de Defesa do Consumidor, de modo a coibir a propaganda enganosa… Longe de mim endossar a acidez da imagem, mas ela serve para revelar uma sensação, quiçá mais numerosa do que se imagine.
Jornal “Zero Hora” – 23/08/2010
Pessoal é o seguinte, perdi as esperanças! Estamos nas maos da TV Globo, PT e da cambada! Vamos continuar trabalhando e o pessoal daquela regiao que vota em peso nesta turma continuará dançando ao som dos trios eletricos e sendo sustentado por esmolas do governo! Minha esperança, por pior que seja, era que a record entrasse na briga, mais ja vi que nao vai fazer isto. Por outro lado acho que postura dos presidenciaveis da “esquerda” poderia ser mais agressiva, por exemplo mostrando a historia de vida da candidata comunista. Desta forma como estao se comportando nao mostraremos ao povo a verdade sobre ela, assim como foi quando o Alckimin se candidatou.