Em “A beleza e o Inferno” (Bertrand, 2010), Roberto Saviano faz uma compilação estarrecedora ao dissecar as entranhas de grandes organizações criminosas, da máfia italiana à polícia secreta russa. As histórias narradas pelo autor abordam temas variados.
Em “Quando a terra treme, o cimento mata”, por exemplo, ele explica os negócios ilegais existentes entre políticos, empreiteiras, economistas e especuladores imobiliários: o chamado ciclo do cimento. Sobre o terremoto de 2009 na Itália, ele diz: “O que é tragédia para essa população, para alguém que acaba se tornando ocasião, mina sem fundo, paraíso do lucro.”
Já em “A magnífica mercadoria”, o assunto tratado é a indústria da cocaína. De acordo com Saviano, nada no mundo pode competir com ela, que desde a produção até a distribuição por todo o planeta vai destruindo todas as camadas da sociedade.
Em outras histórias, como em “O homem que era Donnie Brasco”, “Siani, cronista de verdade” e “Quem escreve morre”, o autor faz um paralelo entre a situação dele, de exílio, isolamento, angústia, privação da família e iminência da morte com a de pessoas que também estão vivendo a mesma posição.
O livro cita escritores e jornalistas que morreram tentando combater, por meio das palavras, conluios, corrupções, crimes, narcotráfico, dentre outros. Assim ele escreve: “A verdade das palavras em nosso tempo se paga com a morte. Espera-se que seja assim. Você treina sua mente para que seja assim. Estou cada vez mais convencido disso.”
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