Com a vitória da guerrilha que havia liderado, Fidel Castro tornou-se primeiro-ministro e prometeu eleições em dezoito meses. Em 8 de janeiro de 1959, ao discursar em Havana após a tomada do poder, disse que os líderes da revolução jamais iriam se tornar ditadores. Em novembro de 1999, quarenta anos depois, respondendo a pergunta de um jornalista mexicano, ele afirmou: “Sou um combatente, sou um lutador. Enquanto tiver energia, permanecerei em meu posto”. Nessas quatro décadas de poder absoluto, o Líder Máximo, como Fidel é conhecido em Cuba, implementou com rapidez e diligência os princípios socialistas na ilha. Pouco mais de um ano após a revolução, 70% da economia já estava nas mãos do Estado, que confiscou empresas e determinou a coletivização de terras.
A economia tornou-se inteiramente planificada, ao estilo soviético, como era desejo de Che Guevara. Uma lei de reforma urbana proibiu qualquer cubano de ter mais de uma casa e tomou todos os imóveis alugados, fazendo de seus moradores inquilinos do Estado. O regime também fuzilou colaboradores da ditadura anterior e dissidentes da revolução, acabou com a liberdade de empreendimentos, de expressão, de reunião e de associação. Colocou todos os meios de comunicação sob o controle, direto ou indireto do Estado e impôs a censura.
Cuba é hoje um país onde o emblema “Tudo pelo social” é uma realidade. Em vez de direitos individuais, o Estado garante direitos sociais. Embora o salário médio de um trabalhador qualificado seja o correspondente a apenas vinte dólares, o Estado subsidia uma cesta básica com alimento e às vezes roupas, além de proporcionar educação e assistência médica, subsidiar a moradia, o gás, a eletricidade… Isso coincide com uma descomunal concentração de poder nas mãos do Estado e do Partido Comunista Cubano, e com uma economia decadente por falta de investimentos e incentivos à produção e ao trabalho.Em a Ilha do doutor Castro, Denis Rousseau e Corinne Cumerlato mostram que o castrismo é, antes de tudo, um sistema de controle a serviço de um objetivo principal: a manutenção no poder de um homem e de uma casta dirigente, civil e militar, que goza de uma série de privilégios e que ligou o seu destino ao do Líder Máximo.
A sociedade cubana, minada pela delação e pelo medo, sofre os últimos espasmos da ditadura em uma dolorosa agonia: uma economia arruinada, um imenso aparato repressivo que tudo deseja controlar, uma população humilhada em sua luta cotidiana pela sobrevivência, vendo suas forças vivas partirem para o exílio. O livro também esboça os cenários possíveis do pós-castrismo: o que acontecerá à Cuba com a queda do regime inaugurado por Fidel? Um futuro não tão distante, pois o Líder Máximo já tem mais de setenta anos e parece não haver solução para a séria crise econômica iniciada com o fim da ajuda comercial e financeira que a extinta União Soviética dava ao regime. Os autores oferecem, assim, a oportunidade de conhecer como realmente é a vida na ilha do doutor Castro, em todas as suas dimensões.
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