A manifestação feita ontem em Brasília contra a construção da usina de Belo Monte serviu mais uma vez para mostrar o quanto as discussões desse tema andam afastadas da realidade. A hidrelétrica, que deverá ter uma potência superior a 11 mil megawatts (MW), será a terceira maior do mundo quando estiver concluída.
Ela será fundamental para que o Brasil tenha energia para atender às necessidades da população com base numa fonte limpa e segura. Por maior que seja a área inundada por Belo Monte, seus danos ambientais serão inferiores aos de uma termelétrica. (A usina alagará 512 quilômetros quadrados. Isso é menos da metade do lago de Itaipu, que tem 1.350 quilômetros quadrados.)
Qual seria a emissão de poluentes para se chegar a esses 11 mil MW em usinas a óleo? Quanto urânio seria preciso enriquecer para gerar 11 mil MW em energia nuclear?
O que os militantes fantasiados de índios, assim como os índios de verdade que estiveram ontem na Esplanada dos Ministérios, querem? Que o país pare no tempo?
Ninguém deseja, claro, a implantação de uma hidrelétrica ou de qualquer projeto de alto impacto com o mesmo desmazelo ambiental e o mesmo desprezo pelas questões sociais que se via no tempo da ditadura. Isso, não.
Mas também não se pode aceitar como verdadeiros os argumentos chantagistas de gente que não pensa nas consequências que a proibição da obra pode causar a milhões de brasileiros.
O Brasil tem mais possibilidades do que qualquer outro país para liderar a corrida por uma fonte limpa de energia. As terras pouco aproveitadas da caatinga nordestina podem se transformar em centros avançados para coleta de energia solar.
Os ventos do litoral podem gerar energia em usinas eólicas de última geração. O etanol, o biodiesel, o lixo, os esgotos, tudo isso poderá servir de fonte renovável para geração de energia.
Mas que ninguém se iluda: nada será capaz de substituir Belo Monte no curto prazo, sobretudo quando se sabe que a nova usina não será erguida para garantir o aumento de uma demanda no futuro, mas para cobrir o déficit no presente.
É preciso chegar a uma solução de bom senso, mas, até lá, ainda vai se ouvir muito batuque na Esplanada.
Fonte: Brasil Econômico, 09/02/2011
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