O tsunami de crédito barato que percorreu todo o planeta entre 2002 e 2008 foi mais do que um simples fenômeno financeiro: era uma tentação que oferecia às sociedades a chance de revelar aspectos de seus personagens que normalmente não poderiam dar ao luxo de se entregar.
Os islandeses queriam deixar a pesca para se tornarem investidores em bancos. Os gregos queriam transformar seu país em uma pinhata recheada de dinheiro e dar aos cidadãos o maior número possível de tentativas para espancá-la. Os alemães queriam ser ainda mais alemães; os irlandeses queriam deixar de ser irlandeses.
A investigação de Michael Lewis sobre bolhas financeiras além das fronteiras dos Estados Unidos, brilhante e ao mesmo tempo hilariante, leva o leitor estadunidense a uma complacência confortável: “Ah, aqueles estrangeiros tolos”. No entanto, quando Michael vira sua visão implacável para a Califórnia e Washington, vemos que a narrativa é uma armadilha com isca de humor, e entendemos o acerto de contas que aguarda o maior e mais ganancioso dos países devedores.
(W. W. Norton & Company, 2011)
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