O jornal britânico “Financial Times” defende, em editorial publicado nesta quinta-feira, dia 15 de agosto, a abertura comercial do Brasil com a União Europeia, uma aproximação econômica que poderia ser o início de um novo acordo bilateral. A publicação afirma ainda que o Mercosul, que chamou de resposta sul-americana ao bloco europeu, fracassou.
“Em 1991, quando o Brasil se juntou a três dos seus vizinhos para fundar o Mercosul, o Pacto foi saudado como a resposta da América do Sul para a integração europeia. É uma marca de seu fracasso que, 20 anos após o bloco começar a negociar com a UE, Brasília está agora tentando fazer o seu próprio negócio com Bruxelas”, diz o texto.
Um esperado acordo comercial entre Mercosul e União Europeia pode sair em cerca de um ano, estimou na semana passada o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota. Embora várias tentativas de acordo tenham sido feitas nos últimos anos, Patriota acredita que agora o momento seja favorável. Até o fim do ano, os blocos econômicos devem apresentar novas propostas que encaminhem o acordo bilateral. Um acordo Brasil-UE cobriria US$ 80 bilhões do comércio bilateral entre os dois, o que representa 37% das transações do bloco com a América Latina.
As economias ocidentais estão procurando alternativas para a agenda do comércio internacional estagnado, afirma a publicação britânica. Na América Latina, ressalta, países como México e Chile encontraram parceiros dispostos na Aliança do Pacífico (de espírito mais liberal).
O FT reitera que o Mercosul não tem culpa sozinho mas foi “vítima das circunstâncias” e do cenário econômico, pois esperava-se que um mercado único pudesse preparar as empresas da região para a competição global. “Mas suas instituições estavam ainda na infância quando a crise econômica na Argentina inverteu as condições e desencadeou um ciclo vicioso de protecionismo e retaliação”, pontua.
A publicação é ainda mais contundente quando analisa o bloco pela ótica política, lembrando o episódio da expulsão do Paraguai em protesto à “queda abrupta do presidente do país”. Para os britânicos, o propósito real da retirada temporário dos paraguaios foi possibilitar a rapidez na “admissão da socialista Venezuela”. “Para muitos, o grupo tornou-se pouco mais do que um bloco anti-gringo”, finaliza.
Fonte: O Globo
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