Se comparadas com 2012, as perspectivas para o cenário político e econômico internacional para 2013 soam pouco animadoras.
Na economia mundial não há motivos para otimismo exagerado. O crescimento da economia global não deverá ultrapassar 3% e o do comércio internacional 2,5%, segundo projeções do FMI e do Banco Mundial.
A Europa deverá continuar com baixo crescimento afetada pela crise econômica. Em 2013, a união bancária e fiscal, com maior integração política e econômica, poderá se consolidar, mas a eventual saída do Reino Unido poderá acarretar forte retrocesso para a União Europeia.
Na China, passado o efeito negativo da crise global com a economia crescendo a 7,5% em 2012, as perspectivas são de volta ao nível de 8- 8,5% em 2013, puxado pela expansão do mercado interno.
A economia dos EUA, que dá sinais de recuperação, deverá crescer mais do que os 2% de 2012. Com menos despesas (redução dos gastos públicos, retirada das tropas do Iraque e significativa redução da presença militar no Afeganistão), mais receita de impostos, e com uma revolução na geração de energia a baixo custo (a partir de imensas reservas de xisto betuminoso), os EUA deverão começar um processo de re-industrialização, trazendo de volta empresas mais eficientes e aumentando o emprego.
O cenário está incerto. O agravamento da crise no Oriente Médio continuará a trazer preocupação, sobretudo em decorrência da paralisia política dos EUA e das Nações Unidas. É possível que em 2013, as negociações em torno do programa nuclear do Irã apresentem progressos concretos para evitar uma solução militar que incendiaria o Oriente Médio e atrasaria a recuperação econômica da Europa e dos EUA, pelo efeito do aumento de preço do petróleo. A escalada na guerra civil na Síria continuará acarretando graves consequências humanitária com o agravamento dos choques étnicos entre sunitas, xiitas, cristãos, alauitas e kurdos espalhados em todos os países da região. A situação interna na Jordânia poderá sair do controle.
O Brasil, em 2013, poderá ter crescimento maior do que o “pibinho” de 1,% em 2012, mas não deverá alcançar os 3% da retórica oficial. O investimento e o crescimento do consumo familiar não deverão aumentar significativamente e o governo terá dificuldade em avançar no programa de infraestrutura e não desbloqueará as discussões sobre mudanças no regime tributário e trabalhista. O comércio externo continuará a se reduzir como resultado da desaceleração do crescimento mundial mas, sobretudo pela perda de competitividade dos produtos brasileiros nos mercados internacionais. O Mercosul, como acordo de liberalização e de abertura de mercado para produtos brasileiros, seguirá paralisado e a Argentina continuará a impor barreiras ilegais aos parceiros do Mercosul, sob o olhar leniente de Brasília, justificado pela “paciência estratégica” em relação ao governo de Cristina Kirchner.
Fonte: O Globo, 22/01/2013
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